quarta-feira, novembro 30, 2005

um objecto apenas

se eu não falasse
se não sentisse
se não visse
se fosse apenas um objecto
parado na calçada que tu pisas
se o vento soprasse e eu fosse leve e levantasse
na brisa
e fosse apenas o que era
uma coisa que abrigasse nada
já não sofria
já não pensava
nem via o que queria e o que não queria
tu poderias pisar-me
não sentiria
tu poderias dizer tudo
não ouviria
não amava
não chorava
não ria
apenas existia ao sabor do vento
para quem quisesse pegar em mim
ou não quisesse
e poderia inutilizar-me simplesmente
que eu nada mesmo nada
sentiria

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