terça-feira, novembro 29, 2005

ciúme


falava contigo altas horas
as palavras saíam perturbadas
eu queria dizer-te que te amava
e que era grande o ciúme que sentia
mas era doentio o conteúdo
nem parecia eu a pessoa que falava

tu olhavas com olhos incrédulos
porque quase te chamava puta
a ti que podes não ser santa
nem anjo
nem flor
mas seguramente nunca foste uma rameira

a vergonha encheu-me a madrugada escura
ainda gritei para ver se os teus olhos fixos compreendiam
ainda berrei desculpa
implorei
mas os teus olhos ficaram tão vazios
tão zangados
que saiste do carro
muda magoada e só

a garganta secou em nó enorme bloqueando-me a voz
o meu esforço desfaleceu
e com os olhos semi-mortos
semi-loucos
vi-te sumir na primeira curva
entre sons histéricos de carros barulhentos
e corpos oferecidos da noite

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