domingo, novembro 27, 2005

silêncio perdido no grito


as nuvens estão baixas
o ruído da chuva sobressai
nas vidraças amplas do escritório

há caravanas de campanha política
com sons conhecidos
vozes e alaridos
que se vão perdendo
engolidos pelos combóios rápidos
pelos aviões
pelos ruidos ininterruptos
de roncos de motores
pelo pisar de pneus no asfalto da avenida

há ainda sons histéricos de sirenes
outros gritos necessários
que interrompem o patamar normal de decibeis

observo atento o meu silêncio
e o contraste que ele é no contexto da cidade

é um silêncio perdido no grito

parece às vezes que transporto comigo
a minha terra
e o deserto que ela é

lá qualquer ruído se esgota no silêncio
ao contrário daqui

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