quinta-feira, dezembro 07, 2006

sobre a morte

Perguntavas-me ontem
só porque leste uns versos meus
se eu escrevia sobre a morte
se eu pensava nisso
se eu sabia alguma coisa

e vi no teu olhar
(lisonja que senti)
um ar
de quem esperava encontrar
neste arrumador de palavras
neste escrivão de versos
a resposta correcta
a explicação certa

estava cansado demais
para falar da morte
confesso
mas porque sou alguém
que vai no mesmo rio
e as minhas águas são as tuas águas
e te vi preocupada

acabei por te dizer
não penso muito nisso
(era mentira)

é algo que faz parte
da caminhada
como as águas de um rio
que desatinam
com o medo da chegada
eram doces
ficam salgadas

é um novo ciclo que começa
é um mundo novo e grande
o mar
que as espera

mas a mudança
mudança radical
perturba
e é sempre um choque
há sempre um grito

o que é natural

porque depois
vencido o desacerto
o medo
até pode ser melhor
tanta largueza de espaço e de tempo

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