sexta-feira, dezembro 15, 2006

juventude perdida

Era jovem quando eu a conheci
pretendida por cem talvez por mil
todos tentavam a sua sorte no olhar meigo que oferecia
nos atributos escondidos que só a boa educação que tinha
não deixava ver

a Tilinha não podia dar mais do que oferecia
eram tempos de clausura e o que fazia às escondidas
um beijo furtivo
um apertãozinho
um ceder pouco com medo de ceder
fizeram dela uma boneca inútil
sem sexo nem afecto
desempenhando um papel de contenção
depois esposa fiel
rendida a um casamento que acabou com ela

com tanta contenção numa juventude tão bela
tão burguesmente apetecida
num olhar que prometia tanto
e não dava nada
não me admirou
quando um amigo há dias me contou
que ela

essa menina prendada
filha de família
agora na casa dos cinquenta
se entregara
farta de fingir e sobretudo revoltada
a um jardineiro ucraniano
contratado pelo marido
(industrial português bem sucedido)

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