domingo, dezembro 03, 2006

liberdade a quanto obrigas

Liberdade nunca é demais
há quem diga
mas se a liberdade é demais
cada um para sua banda
acaba tudo aos ais
sozinho e sem comando

sou tão linda danço bem
eu sou toda exigente
não me dou a qualquer um
eu cá sou toda peixeira
ninguém ouve mas eu falo
pois a mim ninguém me cala
eu encosto ali ao canto
durmo e descanso deitado
e assim faço o que posso
a mais não sou obrigado

tal qual manta de retalhos
uma liberdade sem leme
cada retalho faz falta
a manta precisa deles
mas depois tão separados
tem que haver quem os ajunte
coitados

neste propósito lembrei
que certas modalidades
em desporto conjugam
e bem
figuras livres e também
figuras obrigatórias

que liberdade demais
leva a grande solidão
como levava o degredo
em regimes de opressão

e olho aqui para nós
viveiro de tantas cores
sonhos e tantos calores
retalhos de tanto lado
só com ampla liberdade
sem nada de obrigatório

um dia destes cansados
de coração destroçado
livres exangues num canto
acabamos entregados em gang
ou seita quem sabe

e como um bem abraçamos
rezar em êxtase em vómito
ou o alheio roubar
e mobilizados lutamos
contra a liberdade que fomos
sem nada por que lutar
e em que nos sentimos tão sós

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