sábado, dezembro 30, 2006

em torno da fogueira


Abanava em torno da fogueira
amparado pelos outros
que me entalavam ondulando
em aperto bom e uterino

eu nu e pequenino encarnado e roxo

era assim que me sentia
em cordão umbilical que me prendia
a um círculo terno e apertado
ao calor do fogo da fogueira
aos corpos bons e quentes que sentia

de olhos semicerrados
a boca escancarada
eu tremia no escuro abraçado e dado

o som exterior ao círculo
que se ouvia
era exótico forte intenso
integrava as origens nos sentidos
sacudia excitava fazia suar
batuque selva serpente
nesta floresta de gente
que em dança movimento lento
subtil ritmado encostava

o meu corpo lá ia
o fogo apertava
o tronco abanava as mãos aqueciam
pousadas na noite macia do corpo mais próximo

a boca fendia entrava em ruptura
a carência existia
uivava gemia escancarada
no som das raízes
no amparo tribal
que bom que seria um seio um falo naquele lugar

perdida no embalo
pedia um amparo
uma seiva sadia
um beijo e um leite um vínculo
um cordão umbilical
que a alimentasse para sempre

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