Sou o intervalo das tuas paixões
ou talvez menos
uma aguarela suave esbatida
perdida nas cores quentes
de arco-íris e fogo
do teu coração
sonhei um dia
perdido nas palavras
enredado em hesitações
ver-te e sentir-te com a força do relâmpago
em volúpia que só tanto amor dá e tanta sede
quis lutar contra o tempo
esquecer a distância
fazer com que o dia nascesse sempre
entrar por ti a dentro como quem entra
num mundo perdido e encontrado
num templo vazio e simultaneamente cheio
mas para ti sou o intervalo
sou
nas palavras intensamente ditas
nos actos receosos
de que só fica uma memória frouxa
de um tempo gasto sem proveito
ou talvez não
porque ainda acredito na palavra
no infinito imaginar
no sonho que é meu
na distância imensa que sou capaz de encurtar
para te ver como quero
não longe mas perto
anjo mulher e firmamento
aí onde estás
no meu sonho
começa tudo e nada acaba
faço contigo o que me dá na gana
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