
O empresário e coleccionador de arte considera "indispensável" que o Governo mantenha um Ministério da Cultura para que Portugal "tenha mais visibilidade internacionalmente".
Em declarações à agência Lusa, o comendador madeirense recordou que "o Partido Socialista tem tido sempre um Ministério da Cultura que tem feito muita coisa". "Não é o suficiente, mas tem feito muita coisa", avaliou.
O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, anunciou no fim de semana que, caso forme Governo, vai colocar a cultura na dependência direta do primeiro-ministro, deixando de existir um ministério nesta área. "Infelizmente é um problema que o PSD tem mostrado. Nunca tem apostado muito na cultura", acrescentou Joe Berardo.
"Eu não sei bem o que ele [Pedro Passos Coelho] quis dizer com isto. Eu compreendo que o país está em crise e talvez seja para cortar custos, mas a cultura é indispensável", salientou.
Para o presidente da Fundação Colecção Berardo, que gere o museu com o mesmo nome instalado no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a solução de colocar a cultura na dependência direta do primeiro-ministro não é a melhor. "O primeiro-ministro vai ter tanto trabalho para dar uma volta ao país que não vai ter tempo de se ocupar com a área da cultura", alertou ainda."
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Nosso comentário
Li a notícia do anunciado fim do Ministério da Cultura quando o candidato Passos Coelho for Primeiro Ministro.
Houve já quem se mostrasse chocado com a notícia, quem ficasse perplexo, preocupado também.
Eu não sei porquê, se já é alheamento a tanto "ping pong" (como joguei muito em puto é natural) se é devido à abundância do fim de imensas coisas anunciadas por Passos Coelho.
Neste último caso até se compreende, seria apenas mais um fim anunciado, nada mais que isso. O senhor em causa gosta pouco da palavra Estado, já se percebeu, quer vê-lo mais magro, creio que são as palavras chiques para definir isso.
Quer portanto o Estado Português mais magro... e a cultura senhores que falta faz afinal?
Por mim até comecei por entender a utopia do ideal anarquista, quando muito jovem, Estado para quê? governantes para quê? digo utopia... agora vindo de quem vem, só posso associar a outras bandas políticas.
Por falar em outras bandas políticas, não sei porquê, esbarrei com um texto "sinopse" de um livro de Isabel Freire "Amor e sexo no tempo de Salazar". Zás, associei o texto à "brilhante" ideia de acabar ou emagrecer a cultura do povo português do candidato Passos Coelho.
Leiam em baixo como era com menos cultura.
Faço-o em tom brejeiro porque se fosse em tom sério, era muito mas muito pior e assaz deprimente.
Que nem vos passe pela cabeça como era a cultura no tempo de Salazar!
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No meu tempo a noiva era uma coisa séria. Iam emocionadas. (…) Os pais choravam, e a noiva chorava também! (…) Não se sabia se iam para bem, se iam para mal. (…) Elas tinham de aguentar tudo porque o casamento era para a vida. Esperança, 90 anos A mulher deveria ser perfeita. Uma dona de casa exemplar, sempre atenta ao marido e aos filhos, esmerada nas artes da cozinha e do bordado, com comportamento aprumado e decente. Nos anos 50, e sobre o olhar atento, conservador e católico de António de Oliveira Salazar, timoneiro de um Estado Novo repressor, o amor e o sexo eram temas tabus, a que se devia dar pouca importância. Prevalecia a moral e os bons costumes. Um mundo recheado de valores puritanos, de vexame, opressão, tirania e recalcamento, para todos os gostos e para ambos os sexos, mas sobretudo para o feminino. Durante esta década, os direitos das mulheres portuguesas foram abafados, circunscritos, diminuídos. Forçadas à submissão de género, à dependência económica e afectiva, bem como ao apagamento sexual. Isabel Freire conta-nos como se namorava nos anos 50, do flirt ao beijo na boca, explica-nos que a «mão na mão» dava direito a uma multa no valor de 2$50, já a «mão naquilo» valia 15$ de coima, fala-nos da vida boémia dos bordéis de Lisboa, do carácter vicioso do sexo «bucal», das contraceptivas lavagens vaginais, dos partos em casa e dos abortos clandestinos, das expectativas e ansiedade dos noivos na noite de núpcias, das famílias felizes e da peste que era o divórcio. Como viveram na intimidade os homens e as mulheres que são hoje pais, avós e bisavós de gerações com princípios tão distintos? Brincava-se muito com esta máxima: «Mão na mão. Mão na coisa. Coisa na mão. Coisa na coisa é que não.» Estávamos nos anos 50 e o grande interdito era realmente o corpo.
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Fiquem bem,
António Esperança Pereira
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