
Umas palavrinhas de Fernando Pessoa que pela sua simplicidade se compreendem tão bem (elas constam de um livro de poesia de vários autores, adaptada para crianças) e assentam na maravilha aos políticos "grandes" que querem que tudo fique em sossego, ou seja, que nada seja feito, que nada mude, que tudo fique na mesma.
A ÍBIS
A Íbis, a ave do Egipto
Pousa sempre sobre
um só pé
O que é
esquisito:
É uma ave sossegada
Porque assim não anda nada.
Fernando Pessoa
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Como citei hoje Fernando Pessoa, um enorme poeta do mundo de língua portuguesa, e não só...
deixo-vos com a minha última criação poética, um tanto em cima do joelho.
Chama-se,
O passarão da política
O passarão já retirado
meio velho triste
entediado
aparece em véspera de eleição
sapato engraxado fato a preceito
recauchutado com massagem e barbeiro
ei-lo no palanque da palavra
nota-se o fígado cuidado
recuperação da hérnia
depois de operado
um ou outro mal estar
ultrapassado
mas longe dos tempos em que incendiava
com charme lábia
à vontade
bota discurso de ocasião
assim como quem não quer a coisa
temos orador quase a valer
aproveitando o tempo barafunda
crise farta
para sair da sombra
reaparecer
só que o ar triste
a falta de convicção
longe dos tempos do penacho
passa a mensagem de estar gasto
a ideia de que o regresso foi em vão
duvido que a nova direcção
com barões de sobra no repasto
vendo-o assim lhe dê um tacho
frouxo nos tons altos do discurso
braços caídos pouca acção
sente-se que a oportunidade passou
ao passarão
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Fiquem bem,
António Esperança Pereira
Excelente! Numa altura em que até a nossa própria cultura é colocada em causa, achei de uma pertinência primordial evocar Fernando Pessoa. Não só pelo facto de ter sido um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, como também pela contemporaneidade reflectida nas suas últimas palavras...:" Não sei o que o amanhã trará". Abraço Grande. Zé
ResponderEliminarJosé obrigado pelo comentário e sobretudo pela presença.
ResponderEliminarComo se costuma dizer, "o futuro a Deus pertence" e Fernando Pessoa, embora GRANDEEEEEEEE, sabia que não era Deus.
Daí ele, Fernando Pessoa, não saber o que o amanhã traria. Ele disse-o com a humildade própria dos grandes.
Mas acredita que há por aí pessoal que sabe de cor e salteado "as desgraças todas que aí vêm". Uns sabichões do caraças!!!
Um grande abraço