quarta-feira, julho 20, 2011

História Portuguesa: Excertos


Recebi o texto que publico de um leitor e amigo de todas as andanças.
Quando o recebi, via email, retorqui ao autor do mesmo:
"O texto que enviaste está muito curtido. Estive agora a lê-lo, um mimo. Em princípio vou fazer um post com ele no meu blog.
É um ponto de vista muito rico e com muito sentido de humor de duas figuras incontornáveis (como agora se diz) da nossa história."


O prometido é devido, aqui fica o texto interessantíssimo sobre duas figuras ímpares da nossa história:
-O 1.º rei de Portugal, fundador na nacionalidade: D. Afonso Henriques;
-O brilhante vencedor de Aljubarrota, contra Castela, mais tarde Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira.

Nota: Toda e qualquer semelhança das figuras notáveis em questão e outros notáveis das andanças políticas da actualidade é pura coincidência.
Nada de confusões...



Excertos da História Portuguesa:

No tempo em que frequentei a Escola Primária de Pinhel, havia dois grupos de rapazes que se defrontavam à pancada, um por Afonso Henriques e outro por Nuno Álvares Pereira. Pertenci ao primeiro, pois dele fazia parte o matulão lá do sítio, o que nos dava ampla vantagem! Isto a propósito das duas figuras, ambas decisivas na formação e consolidação da nossa Pátria, que sempre me fascinaram. Assim e porque na altura não prestei grande atenção ao estudo da História Portuguesa, decidi agora melhorar um pouco os conhecimentos que sobre as citadas personagens fui conservando.
Interessa-me sobremaneira a profunda espiritualidade, presente na vida de ambos, que terá sido determinante em situações de grande embaraço.
Afonso Henriques teve por pai um cavaleiro francês, que veio ajudar o rei de Leão nas guerras contra os mouros e por mãe uma filha ilegítima desse rei. Consta que a menina Teresa (FP) era bastante para a frentex e isso tornou-se mais evidente nos encontros com o Trava, após a morte do marido, D. Henrique. O menino Afonso, o único dos filhos do casal que sobreviveu, ficou chateado e, não suportando a vergonha, moveu uma guerra contra a mãe, tendo saído vitorioso. Achou que tinha jeito e prosseguiu a actividade, agora contra os mouros. A certa altura as investidas do Afonsinho passaram dos limites e os mouros decidiram dar-lhe uma lição, desafiando-o para a batalha de Ourique! O Afonso ficou sem pinga de sangue. Foi então que Cristo dialogou com ele, à porta fechada e sem gravador. Imagina-se que a conversa terá sido breve e muito directa, do género: OI, AFONSO, ESTÁS BOM? Não, Senhor; ando lixado dos intestinos. NEM O CASO É PARA MENOS; MAS QUE SE PASSA? Cinco reis mouros, cada qual com seu numeroso exército, querem-me lixar em Ourique. NÃO SERÃO REIS A MAIS? TU TENS ALGUMA PRÁTICA. Tenho, mas comparar S. Mamede com aquilo… FOSTE RUIM, NUNCA SE LUTA CONTRA OS PAIS. O Senhor sabe, o Trava anda a tirar partido dela, um escândalo. BOM, NÃO SEI POR QUE GOSTO DE TI. Tenho de ir aos lavabos e por este andar amanhã nem a armadura aguento! AFONSO, NÃO TE ACAGACES MAIS; VAI PARA A BATALHA, QUE VENCERÁS. XAU.
No dia seguinte, 25 de Julho de 1139, deu-se o milagre: Afonso (que já sabia), pôs os mouros em debandada num abrir e fechar de olhos. Ao final do dia, são que nem um pêro, fez questão de se autoproclamar Rei. A nossa independência só seria reconhecida anos mais tarde, pelo tratado de Zamora com o rei de Leão e, mais tarde ainda pelo Vaticano, rendido ao clarividente milagre!
Tal como a menina Teresa, também o Nuninho era FP, um dos 26 filhos (contabilizados) do Prior do Crato (Superior da Ordem dos Hospitalários), Álvaro Gonçalves Pereira (este, filho de um bispo). Mas o menino foi certificado e pôde fazer carreira nas armas. Entretanto o Rei de Portugal faleceu e o trono podia voltar para os espanhóis. Entra em cena outro FP, filho ilegítimo do rei D. Pedro I, que se propõe ocupar a cadeira vaga. Homem inteligente, como habitualmente são os FP, reparou que Nuno era um militar de 1.ª e logo o pescou. O rapaz ganhava todos os concursos de esgrima e ninguém o batia em estratégia militar, tendo comprovado esses dotes na batalha dos Atoleiros. Face aos factos, D. João (o candidato) nomeou-o Condestável (Comandante supremo dos exércitos portugueses). Os castelhanos, chatos até dizer basta, voltaram à carga e quiseram medir forças na decisiva batalha de Aljubarrota, ganha por nós. Nuno Álvares Pereira nunca o disse, mas muito boa gente admite que a vitória teve ajuda Divina, já que o General era um fervoroso católico, muito devoto do Senhor e de Maria, sua Padroeira. Assistia a quantas missas lhe fosse possível, comungava frequentemente e era esmoler. Após a morte da esposa e da filha, tornou-se frade da Ordem das Carmelitas, tendo renunciado à enorme fortuna que possuía. Foi canonizado em Abril de 2009 e agora faz parte da lista dos santos que a ICAR venera.
Nota: Existia um relicário de prata com as relíquias do Santo, mas foi roubado e jamais se recuperou!

Arcozelo, 18 de Julho de 2011
L. Pereira
--------------------------------------------
Oxalá tenham apreciado, se divertido com esta peculiar, divertida, humorística maneira de abordar os ditos notáveis da História de Portugal...
fiquem bem,

António Esperança Pereira

1 comentário:

  1. L. Pereira, texto excelente! apesar do estilo, não deixa de enaltecer duas figuras incontornáveis da nossa história com uma boa e bem doseada pitada de humor.
    Espero por mais textos deste timbre.
    O blog sairá enriquecido.
    Obrigado,
    Um abraço

    ResponderEliminar

Publicação em destaque

Livro "Mais poemas que vos deixo"

Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...