sábado, julho 09, 2011

Bispos solidários com D. Policarpo


Declarações de D. José sobre a ordenação das mulheres não caíram bem em Roma e o cardeal teve de explicar-se. Há quem fale em manifesto exagero.

Os bispos portugueses estão solidários com D. José Policarpo e qualificam de "exageradas" as pressões feitas sobre o patriarca, que o levaram, na passada quarta-feira, a publicar um esclarecimento sobre o caso da ordenação das mulheres.

O cardeal de Lisboa disse, em entrevista ao boletim da Ordem dos Advogados, que "teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental" à ordenação feminina, declaração que teve amplo eco internacional, com citações em diversos jornais europeus e, particularmente, italianos.

Na quarta-feira D. José Policarpo admitiu que as reacções de "indignação" às suas declarações o obrigaram a "olhar para o tema com mais cuidado" e afirmou total concordância com a Carta Apostólica ‘Ordinatio Sacerdotalis’, de 1994, em que o Papa João Paulo II reafirmava que "a Igreja não tem a faculdade de conferir ordenação sacerdotal às mulheres".

Este emendar da mão do cardeal-patriarca de Lisboa causou alguma indignação no episcopado português, que considera que as declarações de D. Policarpo são de índole teológica e não significam qualquer intenção de colocar em causa as regras da Igreja.

"A determinação que existe é da não ordenação das mulheres, mas não se trata de um assunto dogmático e, como tal, pode ser discutido", diz o bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, lembrando que "o actual Papa, enquanto cardeal Ratzinger, considerou o tema de fronteira e em aberto".

D. António Vitalino, bispo de Beja, diz que "o assunto deve ser debatido e estudado pelos teólogos", mas admite que, "a haver qualquer alteração, demorará várias décadas".

"Isto obrigará a um debate muito longo e alargado e à convocação de um sínodo ou até de um concílio, o que não se faz do pé para a mão", disse ao CM o bispo de Beja.

A maior parte dos prelados evita o assunto, mas todos são unânimes no apoio ao patriarca de Lisboa. Aliás, todos devem dar esse testemunho de solidariedade na próxima reunião da CEP, em Setembro.
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Comentário à notícia mais votado

"É uma profissão leve que pode muito bem ser desempenhada por gente feminina,de preferência que sejam bem vistosas no altar.Pois com estes actuais Pastores,esta-se na eminência de o rebanho ficar reduzido a nada... "

Anónimo
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Nosso comentário

Pondo de lado polémicas, dogmas, mais isto mais aquilo, menos isto menos aquilo, uma coisa parece inevitável:
A Igreja Católica tem que fazer alguma coisa.
Por mais que se adiem soluções, renovações, modernizações, elas terão que ser feitas por imposição da natural evolução do mundo dos homens.
Dir-se-ia que já nada é como dantes.
Como pode, pois, a Igreja manter-se uma ilha, ou quase, em tantos e candentes assuntos da actualidade?

É sabida a dificuldade de atrair vocações de rapazes neste universo humano cada vez mais sedento de sucesso fácil, dinheiro, prazer, liberdade, grandes voos.
Longe vão os tempos de o Seminário se apresentar como solução para alguns meninos pobres estudarem indicados por beatas e protectoras madrinhas.
Leia-se a propósito o notável romance "A APARIÇÃO" do escritor Vergílio Ferreira.
Também a democratização do ensino e do saber tem tornado os jovens mais esclarecidos. Não será, pois, de ânimo leve que hoje se poderá convencer um "puto" a seguir a carreira de sacerdote.

Daí que este assunto "mulheres sacerdotes", que já não é novo e promete debate futuro, assuma a sua importância.
Pois só quem não tem olhos na cara e dez reis de testa é que não se dá conta dos avanços fantásticos que as mulheres têm feito, em todas as áreas, nas últimas décadas.
Pode dizer-se que têm conquistado lugar em tudo o que é sítio, actividade, profissão, carreira, quando ainda há pouco tempo quase tudo lhes era vedado.
Atrever-me-ia a dizer que as mulheres e seus avanços são a grande revolução social do último meio século, mais coisa menos coisa.

Assim sendo, faz todo o sentido que mais uma porta lhes possa ser aberta, a da carreira sacerdotal.
Deixo os pormenores para quem percebe da coisa e a sente, a verdade é que o mais que a Igreja poderá fazer será adiar esta quase inevitabilidade.
Os "se's" e os "mas" não irão conseguir contrariar este novo nicho de mercado que se adivinha para breve para o sexo feminino.
Aqui D. Policarpo está a ver bem.

Só há que pesar perdas e ganhos com "a coisa" neste negócio de saias no altar em concertação com os Senhores do Vaticano. Poderá haver crentes mais conservadores que não aguentem o modernismo, poderá haver outros, agora fora do rebanho, que sintam na presença da saia, um novo chamamento...
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Fiquem bem,

António Esperança Pereira

6 comentários:

  1. Anónimo7:02 p.m.

    Nestes negócios de Deus a gente não deve meter-se! Ele que resolva...
    L.Pereira

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  2. Fiquei a pensar na noticia.
    Direi que é daqueles assuntos que sinceramente me confunde.
    Concordo 100% que a mulher tem feito enormes "conquistas" ao longo dos tempos, particularmente no século XX: conquistas de ordem social, humana, politica.
    Agora no que toca à religião, não sei!
    Penso que tudo o que tem a ver com crenças, religiões, é muito mais complicado.
    Uma coisa defendo, porém: não aprovo o querer ser-se diferente por provocação, por afronta...
    Abraço.

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  3. L.Pereira perante teu comentário só posso sorrir.
    Realmente, se Deus tudo pode, Ele que resolva esta questão candente de "saias" no altar: sim ou não!
    Um abraço

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  4. belemrouge é verdade estes assuntos que mexem com o lado espiritual das pessoas são complexos.
    Há que deixar a cada um o livre arbítrio da escolha.
    Todavia que não seja a busca do divino um meio para quezílias de qualquer espécie...
    Mais uma vez as mulheres serão decisivas na sua evolução pessoal futura nesta questão.
    Um abraço

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  5. Anónimo5:54 p.m.

    Saias todos usam! Falta definir o que colocar por baixo delas: Ou continua só a "verga" ou se alarga às "gretas".
    Mas insisto em bater na anterior tecla: O assunto é mais que sério, pois se trata dos representantes de Deus na Terra.
    Tenho a certeza que Ele não ficará indiferente à questão e vai acabar por decidir como achar melhor.
    Por isso disse e repito: Deixem que Ele resolva.

    L. Pereira

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  6. L.Pereira eheheh há que rir que os tempos estão algo conturbados e rir é sem dúvida o melhor remédio.
    Sem dúvida, Deus como omnipotente e omnipresente que é, saberá o que aconselhar na hora certa. Eu também acho.
    Se Ele achar que as saias no altar não incomodarão o crente, elas lá estarão mais cedo ou mais tarde.
    Um abraço

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