Nosso comentário:
Hoje há uma reunião da Comissão Política do PS a pedido do seu líder António José Seguro.
Era uma exigência sentida na política portuguesa.
Desde a eleição do novo líder, António José Seguro, que se nota algum mal estar, não direi desunião, nas hostes socialistas.
Sem prever seja o que for, uma coisa sinto como evidente. O carismático ex-líder socialista e ex-primeiro ministro, José Sócrates, seja dentro do partido a que pertence, seja no país de nome Portugal, está longe de estar resolvido.
Daí que algo tem que ser clarificado sem dúvida e tenho para mim que qualquer que seja a clarificação passará certamente pela estratégia a definir de inclusão ou exclusão no discurso político do dito carismático líder José Sócrates.
Ambas as opções têm custos, como é evidente.
Por isso, é de crer que ninguém ousará, pelo menos para já, nem uma inclusão a 100/%, nem uma exclusão a 100%.
Será nesta pacificação das duas tendências e no encontro de um fio condutor entre ambas, que girará a reunião de hoje da comissão política do PS.
Dela depende em muito a estratégia discursiva e operacional das hostes "rosa".
Por um lado na estratégia a definir para as próximas eleições autárquicas, por outro, na forma de fazer oposição ao regime atual, despudorado e draconiano, que tem sido branda e envergonhada aos olhos de todos nós, que sofremos na pele os desmandos da austeridade cavalar.
Neste campo, na existência de facto de uma oposição sem tibiezas ao regime neoliberal no poder, exige-se uma clarificação da atitude do PS. Clarificação essa que, quanto a mim, se deve centrar numa melhor relação do partido com o verdadeiro sentir do povo português nesta fase difícil por que está a passar.
PS. Deixo uma pequena abordagem à notícia da reunião do PS. Para os mais interessados, divulgo algumas palavras de António Costa em um programa televisivo, que me foram endereçadas via email.
Fiquem bem, António Esperança Pereira
http://lusito.bubok.pt/
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Dentro do PS, neste momento, a principal dúvida é saber se o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, vai aceitar lançar-se numa candidatura alternativa a António José Seguro.
Na polémica sobre a data do congresso, António Costa remeteu a responsabilidade pela definição do calendário interno para o secretário-geral do PS e, até ao momento, ainda não esclareceu se irá recandidatar-se à presidência da autarquia da capital.
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António Costa - Quadratura do circulo (É isto que não podemos esquecer!)
Comentadores e analistas políticos não têm a coragem de dizer o que disse António Costa, em menos de 3 minutos, há dias, no programa "quadratura do círculo".
E aqui está textualmente o que ele disse (transcrito manualmente):
(...) A situação a que chegámos não foi uma situação do acaso. A União Europeia financiou durante muitos anos Portugal para Portugal deixar de produzir; não foi só nas pescas, não foi só na agricultura, foi também na indústria, por ex. no têxtil. Nós fomos financiados para desmantelar o têxtil porque a Alemanha queria (a Alemanha e os outros países como a Alemanha) queriam que abríssemos os nossos mercados ao têxtil chinês basicamente porque ao abrir os mercados ao têxtil chinês eles exportavam os teares que produziam, para os chineses produzirem o têxtil que nós deixávamos de produzir.
E portanto, esta ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de pessoas que resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas possibilidades é uma mentira inaceitável.
Nós orientámos os nossos investimentos públicos e privados em função das opções da União Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos subsídios que foram dados e em função do crédito que foi proporcionado. E portanto, houve um comportamento racional dos agentes económicos em função de uma política induzida pela União Europeia. Portanto não é aceitável agora dizer? podemos todos concluir e acho que devemos concluir que errámos, agora eu não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses. Não, esse foi um erro do conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque a União Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser simplesmente uma praça financeira. E é isso que estamos a pagar!
A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque andaram a viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste. Esta mentira só é ultrapassada por uma outra. A de que não há alternativa à austeridade, apresentada como um castigo justo, face a hábitos de consumo exagerados. Colossais fraudes. Nem os portugueses merecem castigo, nem a austeridade é inevitável.
Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma. A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção. Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona degradada numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino Morais, que nunca mais é preso. A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas 16 e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os sacrifícios por que hoje passamos.
Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio do europeu, não acima das suas possibilidades. Não devemos pois, enquanto povo, ter remorsos pelo estado das contas públicas. Devemos antes exigir a eliminação dos privilégios que nos arruínam. Há que renegociar as parcerias público--privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos... Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem penalizar os cidadãos.
Não é, assim, culpando e castigando o povo pelos erros da sua classe política que se resolve a crise. Resolve-se combatendo as suas causas, o regabofe e a corrupção. Esta sim, é a única alternativa séria à austeridade a que nos querem condenar e ao assalto fiscal que se anuncia."
Já estou cheia de sono, contudo li novamente o teu post e as palavras
ResponderEliminarque António Costa proferiu, que estão de acordo com o que penso.
Li há momentos que ele, António Costa, saíu reforçado da reunião que tiveram.
Ainda bem!
Abraço