sexta-feira, janeiro 18, 2013

Al Qaeda no Mali, o gás natural e a macro-desgraça...


Nosso comentário:



Cogitando entre tantos e tamanhos assuntos importantes da atualidade nacional e mundial...
Reconheço que estava com dificuldade em escolher qualquer coisa aqui para o blogue.
Lia sobre os perigos de uma Al Qaeda no Mali, aqui mesmo às portas da Europa.
Sobre os problemas de abastecimento desta mesma Europa em gás natural, uma boa parte do qual vem da Argélia, país este perigosamente afetado pela tal Al Qaeda do Mali.
Lia coisas sobre o nosso país e a trapalhada em que está, trapalhada aliás assumida por todos os quadrantes de opinião.
O governo de Portugal que convoca a imprensa para ficar à porta de uma reunião secreta, de onde nada transborda.
Decisões à porta fechada, coisas por dizer que nos lembram tempos bem tenebrosos, pelo menos no que concerne à falta de liberdade de imprensa.
Ditos e os não ditos dos senhores de Bruxelas, as armas que Obama pretende reduzir na América, as camisetas na moda para o carnaval do Rio de Janeiro...
Pensei, como não podia deixar de ser, em como se vão arranjar muitos milhares de milhões de euros para dar à troika até Fevereiro, atente-se, estes são mesmo para dar sem qualquer retorno, isto num país emagrecido até ao osso como o nosso...
Milhentas de coisas e loisas me passaram pela cabecinha, como seguramente passam ao estimado leitor, assoberbado como eu com refundações, comissões, aldrabões, fusões, privatizações, ladrões, e tantos outros assuntos terminados em ões.
Cansado de tanta abundância de macro desgraça...
Acabei por me recorrer de uma historiazinha simples passada em um supermercado de Lisboa, que tinha aqui na caixa de email e que gentilmente me tinha sido enviada por um contato.
É uma historiazinha da autoria de Nicolau Santos e que vale a pena ler, ou para quem não deu por ela, para reler...



Fiquem bem, António Esperança Pereira
 
 
http://lusito.bubok.pt/







O MENINO QUE GASPAR NÃO CONHECE
NICOLAU SANTOS
(www.expresso.pt)


Supermercado do centro comercial das Amoreiras, fim da tarde de terça-feira. Uma jovem mãe, acompanhada do filho com seis anos, está a pagar algumas compras que fez: leite, manteiga, fiambre, detergentes e mais alguns produtos.
Quando chega ao fim, a empregada da caixa revela: são 84 euros. A mãe tem um sobressalto, olha para o dinheiro que traz na mão e diz: vou ter de deixar algumas coisas. Só tenho 70 euros.
Começa a pôr de lado vários produtos e vai perguntando à empregada da caixa se já chega. Não, ainda não. Ainda falta. Mais uma coisa. Outra. Ainda é preciso mais? É. Então este pacote de bolachas também fica.
Aí o menino agarra na manga do casaco da mãe e fala: Mamã, as bolachas não, as bolachas não. São as que eu levo para a escola. A mãe, meio envergonhada até porque a fila por trás dela começava a engrossar, responde: tem de ser, meu filho. E o menino de lágrima no canto do olho a insistir: mamã, as bolachas não. As bolachas não.
O momento embaraçoso é quebrado pela senhora atrás da jovem mãe. Quanto são as bolachas, pergunta à empregada da caixa. Ponha na minha conta. O menino sorriu. Mas foi um sorriso muito envergonhado. A mãe agradeceu ainda mais envergonhada. A pobreza de quem nunca pensou que um dia ia ser pobre enche de vergonha e pudor os que a sofrem.
Tenho a certeza que o ministro Vítor Gaspar não conhece este menino, o que seria obviamente muito improvável. Mas desconfio que o ministro Vítor Gaspar não conhece nenhuns meninos que estejam a passar pela mesma situação. Ou se conhece considera que esse é o preço a pagar pela famoso ajustamento. É isso que é muito preocupante.

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