domingo, julho 23, 2006

sonho no ginásio

Deitado transpirado abandonado
Olhos nem abertos nem fechados
Olhos de quem dorme ou de quem sonha
Eu
Naquele canto do ginásio
Onde tudo parecia adormecido
A luz o fim da festa a noite

Nenhum companheiro havia já
O lugar mudara a identidade
Era um ginásio mas um ginásio diferente
Eu parecia eu mas tal como o lugar perdera a identidade

Estava nu
Tremia um pouco porque havia um ar fresco no lugar
Mas estranhamente o corpo estava transpirado
Quente

De repente como num imenso palco acontece
Quando aparece a artista consagrada idolatrada
Irradiando luz projectada por holofotes
Assim apareceste tu
Os teus olhos cada vez mais perto
O teu rosto entre mim e o tecto
Os teus lábios pousando
Qual flor e pétala em meu peito


Eras linda
Loira mulher que me davas tanto
Carícias beijos tacto
E o meu corpo agradecia
Tremendo contigo onde pousavas
Como eu sentia
Como a tua boca espalhava o suor em recantos de mim
Que nem eu próprio conhecia

Eu era palheiro de trigo em verão ardente
Primeiro seco e só no meio da eira
Depois malhado trabalhado suado
E o palheiro parecendo palha sem nada
Jorrava em alquimia alqueires fartos de grão

Fiquei assim da noite para o dia



Quando finalmente vim a mim
Desperto bem desperto mesmo
Não havia sinal de eira nem ginásio
Nem de loira transpirada
Nem de beijos
Eu estava no sítio do costume
Com todo o dia pela frente
E sem nada de importante para fazer

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