domingo, julho 23, 2006

pezinhos com pezinhos consolados

Pezinhos com pezinhos consolados
Em posição fetal de angelical prazer

Depois o abraço

Olhos nos olhos mesmo ali
Pertinho
(Que dor que dói de ver-me neles
também de eles me verem tão cá dentro)

E perguntava-me sem falar

Será que eles sabem tudo a meu respeito
Que são magos e adivinhos
E se soubessem

Era medo muito medo que sentia

Ora entrava ora saía
Ora dava ora tirava

Olhos espelho em que me via tanto

O muito que se quer
O tão pouco que se pode
O coração enorme feito pequenino
Na falta de jeito que se mostra

Que sei eu daquela vida além dos olhos
Que ganhavam perdiam brilho como estrelas
Que atraíam assustavam a um só tempo

Que sei eu para além dos julgamentos
Das frases decoradas
Dos silêncios aprendidos
Das linhas rectas descampadas
Dos faz de conta que desculpam actos

Senti-me mais uma vez tão poucochinho
No complexo inexplicável dos afectos
Na incapacidade de dar e de pedir
Um pé uma mão um beijo um sítio
Um recanto
Onde ao menos de quando em vez
Se repetisse o sonho

Será que falta coragem a cada um de nós
Para pedir isso
Pedir simplesmente o que se quer como uma criança faz
“dá”
Decerto ninguém recusaria satisfazer um pedido assim
Ingénuo espontâneo cativante

A dificuldade está
Em pedir como a criança pede
Em dar como a criança dá

Porque a criança está
Para além do disfarce
E por ser assim com ela tudo acontece

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