O ritmo contagia o gesto
Repare-se na igreja
O cheiro o sussurro
Algum silêncio o canto
Gargantas afinando
Tossindo engasgando em oração em canto
Às vezes em cochicho
E a voz do padre soando
Como um mediador do ritmo
Perturbado apenas de quando em vez
Pelo incómodo causado
Com a entrada tardia de alguém
Que não cerrou a porta
E no espaço ficou um frio intenso
E corrente de ar.
Ou pelo incómodo agudo no silêncio
De um grito inquieto e livre de criança.
Ou ainda pela viagem discreta
Do devoto que sem querer
Dá com uma beleza de saias perturbante
E faz passar discretamente depois de ver
O olhar tocando as sobrancelhas
Pelas abóbadas celestes altaneiras.
Mas é esta a onda o ritual a cadência
Tudo faz parte
Senta levanta ajoelha
Reza canta
O gesto vai saindo
Quase como se cada um vivesse junto com a outra gente
Desde pequenino
O mesmo acontece em qualquer festa
Num velório
Numa discoteca
Num enterro
Numa visita guiada de museu
No areal da praia
Numa sessão de biodanza
O ritmo contagia o gesto
E depressa tomamos o compasso dos outros
Quando percebo isto acredito
Que se possa criar o sítio certo
Um sítio livre e aberto
Onde ninguém seja obrigado a nada
Onde se possa estar como se é
Onde se dê como se pode
Onde se peça como se sabe
Onde tudo seja possível
Porque para quem lá vai
O impossível não existe.
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