domingo, julho 23, 2006

busca de amor

Traz-me aqui um não sei quê de indecifrável
Um querer ser feliz por não o ser
Uma busca de mais por não o ter
Uma busca de amor que cure
Os instantes inquietos
Os medos do mundo que me assustam tanto

Aqui ao menos por instantes
Forço o rosto e agarro o desafio
Esquecendo o resto
A boca entreaberta disfarça a mente crispada
A carência escondida

E assim caminho passo a passo
De olhos fechados encontro a espaços
A beleza luminosa de tantos corações presentes

Deixo-me ir no desafio
Mas não me encontro tanto quanto queria
E esmoreço
Quase me desfaço em pranto por isso
Só não choro porque evito

Sei que não devo mas não choro

Quem me enxugaria as lágrimas se eu chorasse
Quem ousaria adivinhar as histórias infindáveis que elas choram
Quem aqui e agora sem nenhum regulamento
Sem nenhuma obrigação
Sem qualquer estatuto
Cuidaria de mim

Vive-se o momento bom quando acontece
É isso e nada mais
Porque logo fica tarde
E as pessoas vão-se embora
E porque é assim esmoreço e fico triste

Mesmo sabendo que tudo parte tudo acaba
Que a vida ela própria é movimento
E o movimento um acto de partir

Mas porque me vê triste com isto
Diz-me o sonho de mansinho para me consolar


Quem sabe companheiro um dia destes
Não seja proibido que o sol desapareça no horizonte
E que a carruagem parta e se afaste de ti
Até pode ser já amanhã
Quando a madrugada chegar para te acordar

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