Suspiro pelo tempo em que imagino
Tocar tudo o que tens e que me ofereces
Em que o abraço vale bem mais que um cacho de uvas
Mesmo quando este era a coisa mais doce
Mais suculenta
Mais apetecida
Em tempo de vindima que antecedia o mosto
segunda-feira, julho 24, 2006
as paixões
As paixões inflamam os corações
O brilho a calor a vontade de viver
Qual fogueira acesa de lume a crepitar
Sem nada que aconteça que não seja bom
Podia-se morrer assim que se morria bem
Mas não te iludas com a jornada quente
Logo mais logo fica frio
A geada a neve o pesadelo
Sucedem ao sonho ao sol ao arco-iris
Ao abraço envolvente a que chamaste eterno
Ao murmúrio de fluidos que corriam
Qual regato mimoso entre juncos e giestas
Qual silêncio esquecido de ecos nas árvores e nas pedras
Tal como o sol que nasce e também se põe
Assim acontece com as paixões
São fogueira quente luz incandescente
Depois cinza sombra e desalento
O brilho a calor a vontade de viver
Qual fogueira acesa de lume a crepitar
Sem nada que aconteça que não seja bom
Podia-se morrer assim que se morria bem
Mas não te iludas com a jornada quente
Logo mais logo fica frio
A geada a neve o pesadelo
Sucedem ao sonho ao sol ao arco-iris
Ao abraço envolvente a que chamaste eterno
Ao murmúrio de fluidos que corriam
Qual regato mimoso entre juncos e giestas
Qual silêncio esquecido de ecos nas árvores e nas pedras
Tal como o sol que nasce e também se põe
Assim acontece com as paixões
São fogueira quente luz incandescente
Depois cinza sombra e desalento
necessidade de lonjura
Entre o tempo que tive e o que tenho
Há uma cerca a toda a volta
Uma rede de malha verde
Andaimes e mão de obra barata
Sonhos grandes e pequenos
E vazio
Especialmente vazio
Do que se queria e não se teve
Do que se quer e não se tem
Do que passou e teve o curso que teve
Não o outro que não teve
E sempre esta solidão acompanhada
Este querer fazer e não poder
Estes tabus inventados
Ensinados
Que incapacitam
Tiram o sono quase todo
E são tão fortes
Que podem levar um homem à loucura
Abro a janela e tento respirar
Da rua vêm sons de vidas paralelas
Todas iguais todas diferentes
Sinto o barulho frenético de todos para cada um
esse barulho demolidor
Que empurra a vida para a frente
Que ignora o meu silêncio
A minha necesidade de lonjura
O meu querer encontrar-te
E não querer
Só com o medo de perder-te
É tudo tão igual aqui
Tanta dor e tão pouco remédio
Há uma cerca a toda a volta
Uma rede de malha verde
Andaimes e mão de obra barata
Sonhos grandes e pequenos
E vazio
Especialmente vazio
Do que se queria e não se teve
Do que se quer e não se tem
Do que passou e teve o curso que teve
Não o outro que não teve
E sempre esta solidão acompanhada
Este querer fazer e não poder
Estes tabus inventados
Ensinados
Que incapacitam
Tiram o sono quase todo
E são tão fortes
Que podem levar um homem à loucura
Abro a janela e tento respirar
Da rua vêm sons de vidas paralelas
Todas iguais todas diferentes
Sinto o barulho frenético de todos para cada um
esse barulho demolidor
Que empurra a vida para a frente
Que ignora o meu silêncio
A minha necesidade de lonjura
O meu querer encontrar-te
E não querer
Só com o medo de perder-te
É tudo tão igual aqui
Tanta dor e tão pouco remédio
paz em português
Disseste um dia baixinho que o mundo era pequenino
Que não tinhas cultura para um mundo que eu dizia ser tão grande
Eu não ligava esperando sempre e mais que tudo o teu conforto
A tua mão pequenina e branca
Tão pequenina e branca que podia muito bem ser neve ou pétala de flor
E que eu guardava na minha
Para não mais a querer largar
Cheguei a desejar esse mundo pequenino
Olhando sem querer o que não queria ver
O soldadinho para matar para morrer
Ali escondido e triste e cheio de medo
Louco pela loucura dos outros
Quando a tua carícia era tão boa e doce
Quem dera poder dar ao soldadinho
E aos outros que ele vai matar
E aos outros que o vão matar
Este pedacinho de mel
este recado de amor
De ti
E dizer-lhes que não há petróleo que valha
Nem território grande nem nada
Que se compare a uma lágrima tua
Ao teu mundo pequenino
Ao teu coração de anjo
Ao lugar de paz que és
O melhor lugar de amor do mundo
Se fosse soldadinho e soubesse isto
Nunca acabaria com lugares destes
Nunca mataria corações
Só se estivesse doente
Muito doente mesmo
E tivesse de todo perdido o juízo
Que não tinhas cultura para um mundo que eu dizia ser tão grande
Eu não ligava esperando sempre e mais que tudo o teu conforto
A tua mão pequenina e branca
Tão pequenina e branca que podia muito bem ser neve ou pétala de flor
E que eu guardava na minha
Para não mais a querer largar
Cheguei a desejar esse mundo pequenino
Olhando sem querer o que não queria ver
O soldadinho para matar para morrer
Ali escondido e triste e cheio de medo
Louco pela loucura dos outros
Quando a tua carícia era tão boa e doce
Quem dera poder dar ao soldadinho
E aos outros que ele vai matar
E aos outros que o vão matar
Este pedacinho de mel
este recado de amor
De ti
E dizer-lhes que não há petróleo que valha
Nem território grande nem nada
Que se compare a uma lágrima tua
Ao teu mundo pequenino
Ao teu coração de anjo
Ao lugar de paz que és
O melhor lugar de amor do mundo
Se fosse soldadinho e soubesse isto
Nunca acabaria com lugares destes
Nunca mataria corações
Só se estivesse doente
Muito doente mesmo
E tivesse de todo perdido o juízo
lágrimas sem regresso

Onde estão os tempos que incendiaram
As estradas os lugares os sonhos
O frenesim que alimentava
Um amor nascido para não ter fim
Optámos os dois pela via estreita
Por ser mais calmo sobreviver assim
Optámos pela distância
Para curar males maiores talvez horrores
Mas viver assim é viver menos
É nã ter o calor a paixão
E a dor de amar
É não viver com consciência que só se vive uma vez
E não se sabe quanto tempo
Ou até quando
E um coração morto é um coração sem vida
Eu morri nos teus braços no último dia em que te vi
Penso que morreste também
Nas lágrimas que chorámos
Tantas lágrimas que o teu colo incendiava
Nos meus olhos que olhavam os teus
Pouco antes de perdê-los
E apesar de em cada dia tentarmos sobreviver
Depois da despedida
Só apetece dizer
Que vida complicada
Que entrelinhas impossíveis de alterar
Que desperdício meu amor
Pela totalidade que fomos e que não volta mais
As estradas os lugares os sonhos
O frenesim que alimentava
Um amor nascido para não ter fim
Optámos os dois pela via estreita
Por ser mais calmo sobreviver assim
Optámos pela distância
Para curar males maiores talvez horrores
Mas viver assim é viver menos
É nã ter o calor a paixão
E a dor de amar
É não viver com consciência que só se vive uma vez
E não se sabe quanto tempo
Ou até quando
E um coração morto é um coração sem vida
Eu morri nos teus braços no último dia em que te vi
Penso que morreste também
Nas lágrimas que chorámos
Tantas lágrimas que o teu colo incendiava
Nos meus olhos que olhavam os teus
Pouco antes de perdê-los
E apesar de em cada dia tentarmos sobreviver
Depois da despedida
Só apetece dizer
Que vida complicada
Que entrelinhas impossíveis de alterar
Que desperdício meu amor
Pela totalidade que fomos e que não volta mais
domingo, julho 23, 2006
sonho branco

Meu passarinho esvoaça nas neves dos glaciares
Queria ser tão puro como ele e encontrar
Ninho e abrigo nele
Aconchego bom em tanto frio
Mas como menino de escola que sou
Certezas sempre por saber
Fico de castigo em outro inverno
Onde nem o sol quando aparece
Brilha
Nem me aquece
Chego a desejar a palmatória
O erro condenado
É mais aceitável a dor do que o amor
E se é curto o meu mundo e tenho medo
De ir mais longe
Em busca do tesouro
Pois que não me queixe quando morro
E me arrasto lento e frouxo pelos dias
Que me não sinta triste
Só porque não tenho
O que se partisse e ousasse tinha
Queria ser tão puro como ele e encontrar
Ninho e abrigo nele
Aconchego bom em tanto frio
Mas como menino de escola que sou
Certezas sempre por saber
Fico de castigo em outro inverno
Onde nem o sol quando aparece
Brilha
Nem me aquece
Chego a desejar a palmatória
O erro condenado
É mais aceitável a dor do que o amor
E se é curto o meu mundo e tenho medo
De ir mais longe
Em busca do tesouro
Pois que não me queixe quando morro
E me arrasto lento e frouxo pelos dias
Que me não sinta triste
Só porque não tenho
O que se partisse e ousasse tinha
terras de Viriato
Em terras de Viriato te imagino
Acordar com vida e viver teu fado
Corpo ágil
Palavra fácil
Sonhos de menina
Irrequieta boa
Capaz de levar a quem merece
Um consolo um abraço um beijo
Quem dera que a vida começasse agora
E entre giestas e prados
Em jardins de Primavera
Pudesse ver semeado de flores o teu olhar
Ver sempre projectada no horizonte
A esperança que és
E o movimento imenso que o teu corpo guarda
Só que a vida é um tempo sem regresso
Dura o que tem de durar
Apenas
E a intenção que se tem
Por mais sublime que seja
Necessária
Urgente
Dói só de pensar nela
Um atleta quando corre
Sabe que a corrida tem os seus momentos
Euforia cansaço
Alegria desalento
Também a vida tem esses momentos
Ela é no fim de contas
Um ajustar permanente deles em cada ponto da corrida
Acordar com vida e viver teu fado
Corpo ágil
Palavra fácil
Sonhos de menina
Irrequieta boa
Capaz de levar a quem merece
Um consolo um abraço um beijo
Quem dera que a vida começasse agora
E entre giestas e prados
Em jardins de Primavera
Pudesse ver semeado de flores o teu olhar
Ver sempre projectada no horizonte
A esperança que és
E o movimento imenso que o teu corpo guarda
Só que a vida é um tempo sem regresso
Dura o que tem de durar
Apenas
E a intenção que se tem
Por mais sublime que seja
Necessária
Urgente
Dói só de pensar nela
Um atleta quando corre
Sabe que a corrida tem os seus momentos
Euforia cansaço
Alegria desalento
Também a vida tem esses momentos
Ela é no fim de contas
Um ajustar permanente deles em cada ponto da corrida
Algarve quente
Cobri-te de beijos de carícias
Deitada sem jeito e descomposta
Na cama ao luar de Agosto
Algarve quente
Fui prisioneiro na prisão que foste
Tão feliz a espaços
Que queria ficar preso sempre
Se pudesse
Queria que o sol nascesse e se pusesse
E a liberdade se esquecesse de mim
Amei-te tanto
Quis-te tanto
Que perder um amor assim
é perder um pouco a vida
é sentir uma dor de despedida
é deixar de sonhar
Porque não existe sonho
Olho o oceano em baixo
E o que vejo
Não é mais a paisagem deslumbrante
Na noite que caía
Serena e doce
Que eu mostrava aos teus olhos grandes
Boquiabertos
Que só de a ver neles me parecia ainda mais bela
Mas um lugar real
Que só não é mais triste
Porque é talvez
Um dos mais lindos lugares do mundo
Deitada sem jeito e descomposta
Na cama ao luar de Agosto
Algarve quente
Fui prisioneiro na prisão que foste
Tão feliz a espaços
Que queria ficar preso sempre
Se pudesse
Queria que o sol nascesse e se pusesse
E a liberdade se esquecesse de mim
Amei-te tanto
Quis-te tanto
Que perder um amor assim
é perder um pouco a vida
é sentir uma dor de despedida
é deixar de sonhar
Porque não existe sonho
Olho o oceano em baixo
E o que vejo
Não é mais a paisagem deslumbrante
Na noite que caía
Serena e doce
Que eu mostrava aos teus olhos grandes
Boquiabertos
Que só de a ver neles me parecia ainda mais bela
Mas um lugar real
Que só não é mais triste
Porque é talvez
Um dos mais lindos lugares do mundo
Lisboa madrugada
Sei que andei Lisboa em tuas ruas
Sei que és linda de morrer
Sei que subi e que desci
Sei que era Janeiro e estava frio
Sei que a multidão desaparecia
Mas perdoa não te vi
Não tinha olhos para ver
Porque não era preciso ter olhos
Bastava o bailado do corpo
E os dedos
Para encontrarem os contornos nas veredas
O horizonte estava todo no tacto
E na luz da alma
Meu amor
Entre mim e ti
Não há distância
Para além de nós
Não existe nada
Sei que és linda de morrer
Sei que subi e que desci
Sei que era Janeiro e estava frio
Sei que a multidão desaparecia
Mas perdoa não te vi
Não tinha olhos para ver
Porque não era preciso ter olhos
Bastava o bailado do corpo
E os dedos
Para encontrarem os contornos nas veredas
O horizonte estava todo no tacto
E na luz da alma
Meu amor
Entre mim e ti
Não há distância
Para além de nós
Não existe nada
o ritmo contagia o gesto
O ritmo contagia o gesto
Repare-se na igreja
O cheiro o sussurro
Algum silêncio o canto
Gargantas afinando
Tossindo engasgando em oração em canto
Às vezes em cochicho
E a voz do padre soando
Como um mediador do ritmo
Perturbado apenas de quando em vez
Pelo incómodo causado
Com a entrada tardia de alguém
Que não cerrou a porta
E no espaço ficou um frio intenso
E corrente de ar.
Ou pelo incómodo agudo no silêncio
De um grito inquieto e livre de criança.
Ou ainda pela viagem discreta
Do devoto que sem querer
Dá com uma beleza de saias perturbante
E faz passar discretamente depois de ver
O olhar tocando as sobrancelhas
Pelas abóbadas celestes altaneiras.
Mas é esta a onda o ritual a cadência
Tudo faz parte
Senta levanta ajoelha
Reza canta
O gesto vai saindo
Quase como se cada um vivesse junto com a outra gente
Desde pequenino
O mesmo acontece em qualquer festa
Num velório
Numa discoteca
Num enterro
Numa visita guiada de museu
No areal da praia
Numa sessão de biodanza
O ritmo contagia o gesto
E depressa tomamos o compasso dos outros
Quando percebo isto acredito
Que se possa criar o sítio certo
Um sítio livre e aberto
Onde ninguém seja obrigado a nada
Onde se possa estar como se é
Onde se dê como se pode
Onde se peça como se sabe
Onde tudo seja possível
Porque para quem lá vai
O impossível não existe.
Repare-se na igreja
O cheiro o sussurro
Algum silêncio o canto
Gargantas afinando
Tossindo engasgando em oração em canto
Às vezes em cochicho
E a voz do padre soando
Como um mediador do ritmo
Perturbado apenas de quando em vez
Pelo incómodo causado
Com a entrada tardia de alguém
Que não cerrou a porta
E no espaço ficou um frio intenso
E corrente de ar.
Ou pelo incómodo agudo no silêncio
De um grito inquieto e livre de criança.
Ou ainda pela viagem discreta
Do devoto que sem querer
Dá com uma beleza de saias perturbante
E faz passar discretamente depois de ver
O olhar tocando as sobrancelhas
Pelas abóbadas celestes altaneiras.
Mas é esta a onda o ritual a cadência
Tudo faz parte
Senta levanta ajoelha
Reza canta
O gesto vai saindo
Quase como se cada um vivesse junto com a outra gente
Desde pequenino
O mesmo acontece em qualquer festa
Num velório
Numa discoteca
Num enterro
Numa visita guiada de museu
No areal da praia
Numa sessão de biodanza
O ritmo contagia o gesto
E depressa tomamos o compasso dos outros
Quando percebo isto acredito
Que se possa criar o sítio certo
Um sítio livre e aberto
Onde ninguém seja obrigado a nada
Onde se possa estar como se é
Onde se dê como se pode
Onde se peça como se sabe
Onde tudo seja possível
Porque para quem lá vai
O impossível não existe.
pezinhos com pezinhos consolados
Pezinhos com pezinhos consolados
Em posição fetal de angelical prazer
Depois o abraço
Olhos nos olhos mesmo ali
Pertinho
(Que dor que dói de ver-me neles
também de eles me verem tão cá dentro)
E perguntava-me sem falar
Será que eles sabem tudo a meu respeito
Que são magos e adivinhos
E se soubessem
Era medo muito medo que sentia
Ora entrava ora saía
Ora dava ora tirava
Olhos espelho em que me via tanto
O muito que se quer
O tão pouco que se pode
O coração enorme feito pequenino
Na falta de jeito que se mostra
Que sei eu daquela vida além dos olhos
Que ganhavam perdiam brilho como estrelas
Que atraíam assustavam a um só tempo
Que sei eu para além dos julgamentos
Das frases decoradas
Dos silêncios aprendidos
Das linhas rectas descampadas
Dos faz de conta que desculpam actos
Senti-me mais uma vez tão poucochinho
No complexo inexplicável dos afectos
Na incapacidade de dar e de pedir
Um pé uma mão um beijo um sítio
Um recanto
Onde ao menos de quando em vez
Se repetisse o sonho
Será que falta coragem a cada um de nós
Para pedir isso
Pedir simplesmente o que se quer como uma criança faz
“dá”
Decerto ninguém recusaria satisfazer um pedido assim
Ingénuo espontâneo cativante
A dificuldade está
Em pedir como a criança pede
Em dar como a criança dá
Porque a criança está
Para além do disfarce
E por ser assim com ela tudo acontece
Em posição fetal de angelical prazer
Depois o abraço
Olhos nos olhos mesmo ali
Pertinho
(Que dor que dói de ver-me neles
também de eles me verem tão cá dentro)
E perguntava-me sem falar
Será que eles sabem tudo a meu respeito
Que são magos e adivinhos
E se soubessem
Era medo muito medo que sentia
Ora entrava ora saía
Ora dava ora tirava
Olhos espelho em que me via tanto
O muito que se quer
O tão pouco que se pode
O coração enorme feito pequenino
Na falta de jeito que se mostra
Que sei eu daquela vida além dos olhos
Que ganhavam perdiam brilho como estrelas
Que atraíam assustavam a um só tempo
Que sei eu para além dos julgamentos
Das frases decoradas
Dos silêncios aprendidos
Das linhas rectas descampadas
Dos faz de conta que desculpam actos
Senti-me mais uma vez tão poucochinho
No complexo inexplicável dos afectos
Na incapacidade de dar e de pedir
Um pé uma mão um beijo um sítio
Um recanto
Onde ao menos de quando em vez
Se repetisse o sonho
Será que falta coragem a cada um de nós
Para pedir isso
Pedir simplesmente o que se quer como uma criança faz
“dá”
Decerto ninguém recusaria satisfazer um pedido assim
Ingénuo espontâneo cativante
A dificuldade está
Em pedir como a criança pede
Em dar como a criança dá
Porque a criança está
Para além do disfarce
E por ser assim com ela tudo acontece
dei por mim atento ouvindo o coração
Dei por mim atento ouvindo o coração
Desta vez não entrei na dança
Quem eu queria não me queria
Talvez porque atrasei o passo
Em vez de avançar fiquei
E já o rosto em intenção do coração
Passara ao lado
Parando em outras mãos
E era duro correr em busca de ninguém
Ainda hesitei fiz um compasso
Com o corpo e o olhar em rotação
Fiz um derradeiro esforço
Buscando alguém
Mas o último sorriso apreciado
Tinha já passado também
E eu sentei
Entendi ser melhor assim
Pois o exercício envolvia sentimento
E fiz bem
Por tomar tal decisão em consciência
Não senti arrependimento
Claro que ficar de fora sempre dói
Dá assim um ar de rejeição
Fica-se um tanto em abandono
Mas aceitei a coragem nova que enfrentava
E em lugar de dizer sim a um qualquer frete
De não saber dizer não para honrar a educação
Ousei afirmar um não em vez de um sim contrariado
Honrei-me a mim em vez de honrar a tradição
Porém já sentado recolhido
Mãos no peito em interioridade
Vi o pensamento acordar
E colocar-me uma questão
Tão simples quanto séria
Tão pueril quanto sagaz
Parecia a voz de uma qualquer razão
“Será quando se escolhe ao querer o óptimo
Não se arrisca a ter o bom à mão de semear
E se perde o bom só por se achar
Que em escolha boa só o óptimo nos serve”
Tal conjectura abalou a minha decisão
De ficar de bem comigo em sossegado recolhimento
E assisti perplexo ao entristecer do rosto
Com a mente ao invés do corpo
Bem sobressaltada em movimento
De tal modo inquieta
Que o meu eu em corpo manso e quieto
Quase em oração
Estremeceu tanto que quase gritei
Há aí alguém que me estenda a mão
(só o não fiz por contrariar o poema)
Desta vez não entrei na dança
Quem eu queria não me queria
Talvez porque atrasei o passo
Em vez de avançar fiquei
E já o rosto em intenção do coração
Passara ao lado
Parando em outras mãos
E era duro correr em busca de ninguém
Ainda hesitei fiz um compasso
Com o corpo e o olhar em rotação
Fiz um derradeiro esforço
Buscando alguém
Mas o último sorriso apreciado
Tinha já passado também
E eu sentei
Entendi ser melhor assim
Pois o exercício envolvia sentimento
E fiz bem
Por tomar tal decisão em consciência
Não senti arrependimento
Claro que ficar de fora sempre dói
Dá assim um ar de rejeição
Fica-se um tanto em abandono
Mas aceitei a coragem nova que enfrentava
E em lugar de dizer sim a um qualquer frete
De não saber dizer não para honrar a educação
Ousei afirmar um não em vez de um sim contrariado
Honrei-me a mim em vez de honrar a tradição
Porém já sentado recolhido
Mãos no peito em interioridade
Vi o pensamento acordar
E colocar-me uma questão
Tão simples quanto séria
Tão pueril quanto sagaz
Parecia a voz de uma qualquer razão
“Será quando se escolhe ao querer o óptimo
Não se arrisca a ter o bom à mão de semear
E se perde o bom só por se achar
Que em escolha boa só o óptimo nos serve”
Tal conjectura abalou a minha decisão
De ficar de bem comigo em sossegado recolhimento
E assisti perplexo ao entristecer do rosto
Com a mente ao invés do corpo
Bem sobressaltada em movimento
De tal modo inquieta
Que o meu eu em corpo manso e quieto
Quase em oração
Estremeceu tanto que quase gritei
Há aí alguém que me estenda a mão
(só o não fiz por contrariar o poema)
um abraço de amor
Suspiro por que o tempo pare
Se esqueça deste embalo em que ficamos
Unidos sem que seja proibido
Felizes porque não somos obrigados
Tontos porque o à vontade falta
E no enlace em que nos damos
Quase coramos
Como fazem dois meninos
Quando se tocam pela primeira vez
É bom e eu gosto
Sinto com o coração coisas boas que só ele sabe sentir
E quanto mais olhamos mais coramos
No embaraço tropeçamos
Mas logo disfarçamos dançando
E formamos uma roda cheia farta
Como se fora um mundo pequenino de mãos dadas
Tão livre tão bonito
Tão ingénuo divertido
Tão musical tão ar de amor
Tão utopia
Que até custa a crer que esteja a acontecer
Que possa haver um lugar assim
Talvez um dia quem sabe
Esta roda se agigante ganhe coragem
Cresça cresça
Dance dance
E se estenda
Para longe cada vez mais longe
Passe as janelas portas ruas
Cidades campos mares
Em cântico crescente de tom e de gente
E assim floresça
Uma onda macia boa linda em grande círculo
E aconteça
Um abraço de amor de todos os cantos do mundo
Se esqueça deste embalo em que ficamos
Unidos sem que seja proibido
Felizes porque não somos obrigados
Tontos porque o à vontade falta
E no enlace em que nos damos
Quase coramos
Como fazem dois meninos
Quando se tocam pela primeira vez
É bom e eu gosto
Sinto com o coração coisas boas que só ele sabe sentir
E quanto mais olhamos mais coramos
No embaraço tropeçamos
Mas logo disfarçamos dançando
E formamos uma roda cheia farta
Como se fora um mundo pequenino de mãos dadas
Tão livre tão bonito
Tão ingénuo divertido
Tão musical tão ar de amor
Tão utopia
Que até custa a crer que esteja a acontecer
Que possa haver um lugar assim
Talvez um dia quem sabe
Esta roda se agigante ganhe coragem
Cresça cresça
Dance dance
E se estenda
Para longe cada vez mais longe
Passe as janelas portas ruas
Cidades campos mares
Em cântico crescente de tom e de gente
E assim floresça
Uma onda macia boa linda em grande círculo
E aconteça
Um abraço de amor de todos os cantos do mundo
vejo-te dançar
Vejo-te dançar esbelta impossível
Olhos desviados no acto de te dares
Corpo intenso arrepiante
E a minha pele embaraçada soluçante
Pergunta-me tremendo ao tocar-te
Que fazer
Que voltas dar
Que artimanha encontrar
Para eu ficar juntinho a ti
Ao menos um tempo um bocadinho
Ou se possível para SEMPRE
Como pode esse ser inteiro perceber
Esta fome de amar que sinto
E espraiar na direcção correcta
Um sopro de amor
Uma chuva de prata
Um beijo
Como dar a entender este meu desejo
Fogo por arder
Vendaval de dádiva por cumprir
Este coração enorme engolido pelo tempo
E pela falta de tempo também
Morro assim um pouco em cada dia
Morro em ti e na minha ilusão também
Lá fora o mundo gira o mundo ri
O mundo agita
O mundo avança
O mundo grita o mundo dança
O mundo tem tudo até a sorte de estar vivo
Mas que importa um mundo tão cheio de tudo
Se tenho que ser pragmático
Evitar o que cause dor ao coração
Este bailado que és
Esta vida cheia só de olhar para ti
De te tocar de te ter de te sentir de viver de ser de amar só isso
Mas desisto
Pego na trouxa e vou-me embora
Porque a dúvida persiste na ilusão de acreditar
Quem sabe não fosses o milagre a mostrar-se
Mesmo ali na ponta dos dedos
Olhos desviados no acto de te dares
Corpo intenso arrepiante
E a minha pele embaraçada soluçante
Pergunta-me tremendo ao tocar-te
Que fazer
Que voltas dar
Que artimanha encontrar
Para eu ficar juntinho a ti
Ao menos um tempo um bocadinho
Ou se possível para SEMPRE
Como pode esse ser inteiro perceber
Esta fome de amar que sinto
E espraiar na direcção correcta
Um sopro de amor
Uma chuva de prata
Um beijo
Como dar a entender este meu desejo
Fogo por arder
Vendaval de dádiva por cumprir
Este coração enorme engolido pelo tempo
E pela falta de tempo também
Morro assim um pouco em cada dia
Morro em ti e na minha ilusão também
Lá fora o mundo gira o mundo ri
O mundo agita
O mundo avança
O mundo grita o mundo dança
O mundo tem tudo até a sorte de estar vivo
Mas que importa um mundo tão cheio de tudo
Se tenho que ser pragmático
Evitar o que cause dor ao coração
Este bailado que és
Esta vida cheia só de olhar para ti
De te tocar de te ter de te sentir de viver de ser de amar só isso
Mas desisto
Pego na trouxa e vou-me embora
Porque a dúvida persiste na ilusão de acreditar
Quem sabe não fosses o milagre a mostrar-se
Mesmo ali na ponta dos dedos
busca de amor
Traz-me aqui um não sei quê de indecifrável
Um querer ser feliz por não o ser
Uma busca de mais por não o ter
Uma busca de amor que cure
Os instantes inquietos
Os medos do mundo que me assustam tanto
Aqui ao menos por instantes
Forço o rosto e agarro o desafio
Esquecendo o resto
A boca entreaberta disfarça a mente crispada
A carência escondida
E assim caminho passo a passo
De olhos fechados encontro a espaços
A beleza luminosa de tantos corações presentes
Deixo-me ir no desafio
Mas não me encontro tanto quanto queria
E esmoreço
Quase me desfaço em pranto por isso
Só não choro porque evito
Sei que não devo mas não choro
Quem me enxugaria as lágrimas se eu chorasse
Quem ousaria adivinhar as histórias infindáveis que elas choram
Quem aqui e agora sem nenhum regulamento
Sem nenhuma obrigação
Sem qualquer estatuto
Cuidaria de mim
Vive-se o momento bom quando acontece
É isso e nada mais
Porque logo fica tarde
E as pessoas vão-se embora
E porque é assim esmoreço e fico triste
Mesmo sabendo que tudo parte tudo acaba
Que a vida ela própria é movimento
E o movimento um acto de partir
Mas porque me vê triste com isto
Diz-me o sonho de mansinho para me consolar
Quem sabe companheiro um dia destes
Não seja proibido que o sol desapareça no horizonte
E que a carruagem parta e se afaste de ti
Até pode ser já amanhã
Quando a madrugada chegar para te acordar
Um querer ser feliz por não o ser
Uma busca de mais por não o ter
Uma busca de amor que cure
Os instantes inquietos
Os medos do mundo que me assustam tanto
Aqui ao menos por instantes
Forço o rosto e agarro o desafio
Esquecendo o resto
A boca entreaberta disfarça a mente crispada
A carência escondida
E assim caminho passo a passo
De olhos fechados encontro a espaços
A beleza luminosa de tantos corações presentes
Deixo-me ir no desafio
Mas não me encontro tanto quanto queria
E esmoreço
Quase me desfaço em pranto por isso
Só não choro porque evito
Sei que não devo mas não choro
Quem me enxugaria as lágrimas se eu chorasse
Quem ousaria adivinhar as histórias infindáveis que elas choram
Quem aqui e agora sem nenhum regulamento
Sem nenhuma obrigação
Sem qualquer estatuto
Cuidaria de mim
Vive-se o momento bom quando acontece
É isso e nada mais
Porque logo fica tarde
E as pessoas vão-se embora
E porque é assim esmoreço e fico triste
Mesmo sabendo que tudo parte tudo acaba
Que a vida ela própria é movimento
E o movimento um acto de partir
Mas porque me vê triste com isto
Diz-me o sonho de mansinho para me consolar
Quem sabe companheiro um dia destes
Não seja proibido que o sol desapareça no horizonte
E que a carruagem parta e se afaste de ti
Até pode ser já amanhã
Quando a madrugada chegar para te acordar
sonho no ginásio
Deitado transpirado abandonado
Olhos nem abertos nem fechados
Olhos de quem dorme ou de quem sonha
Eu
Naquele canto do ginásio
Onde tudo parecia adormecido
A luz o fim da festa a noite
Nenhum companheiro havia já
O lugar mudara a identidade
Era um ginásio mas um ginásio diferente
Eu parecia eu mas tal como o lugar perdera a identidade
Estava nu
Tremia um pouco porque havia um ar fresco no lugar
Mas estranhamente o corpo estava transpirado
Quente
De repente como num imenso palco acontece
Quando aparece a artista consagrada idolatrada
Irradiando luz projectada por holofotes
Assim apareceste tu
Os teus olhos cada vez mais perto
O teu rosto entre mim e o tecto
Os teus lábios pousando
Qual flor e pétala em meu peito
Eras linda
Loira mulher que me davas tanto
Carícias beijos tacto
E o meu corpo agradecia
Tremendo contigo onde pousavas
Como eu sentia
Como a tua boca espalhava o suor em recantos de mim
Que nem eu próprio conhecia
Eu era palheiro de trigo em verão ardente
Primeiro seco e só no meio da eira
Depois malhado trabalhado suado
E o palheiro parecendo palha sem nada
Jorrava em alquimia alqueires fartos de grão
Fiquei assim da noite para o dia
Quando finalmente vim a mim
Desperto bem desperto mesmo
Não havia sinal de eira nem ginásio
Nem de loira transpirada
Nem de beijos
Eu estava no sítio do costume
Com todo o dia pela frente
E sem nada de importante para fazer
Olhos nem abertos nem fechados
Olhos de quem dorme ou de quem sonha
Eu
Naquele canto do ginásio
Onde tudo parecia adormecido
A luz o fim da festa a noite
Nenhum companheiro havia já
O lugar mudara a identidade
Era um ginásio mas um ginásio diferente
Eu parecia eu mas tal como o lugar perdera a identidade
Estava nu
Tremia um pouco porque havia um ar fresco no lugar
Mas estranhamente o corpo estava transpirado
Quente
De repente como num imenso palco acontece
Quando aparece a artista consagrada idolatrada
Irradiando luz projectada por holofotes
Assim apareceste tu
Os teus olhos cada vez mais perto
O teu rosto entre mim e o tecto
Os teus lábios pousando
Qual flor e pétala em meu peito
Eras linda
Loira mulher que me davas tanto
Carícias beijos tacto
E o meu corpo agradecia
Tremendo contigo onde pousavas
Como eu sentia
Como a tua boca espalhava o suor em recantos de mim
Que nem eu próprio conhecia
Eu era palheiro de trigo em verão ardente
Primeiro seco e só no meio da eira
Depois malhado trabalhado suado
E o palheiro parecendo palha sem nada
Jorrava em alquimia alqueires fartos de grão
Fiquei assim da noite para o dia
Quando finalmente vim a mim
Desperto bem desperto mesmo
Não havia sinal de eira nem ginásio
Nem de loira transpirada
Nem de beijos
Eu estava no sítio do costume
Com todo o dia pela frente
E sem nada de importante para fazer
lição de um grupo em acção
Vem que não vem
Há ou não há
Nesta quarta não na outra está bem
Antes porém há a selecção
Que pode ditar o campeão mundial
Quisera que fora o nosso Portugal
Mas se não for
Fica marcado entre nós
Encontro suado vivo partilhado
E chore-se ou ria-se com o resultado
Há-de ser decerto o encontro esperado
Que os dias que correm
Que os sonhos que temos
Que a festa que queremos
Transforme para sempre as vidas que vivemos
Com mais com alguém
Com parte de ti do outro de mim
Que todas as partes
Combinem e troquem pedaços de si
E assim
Juntando pedaços
Do outro de mim de ti
De tantos que somos
E mais seremos
Possamos vencer na vida em conjunto
Unidos empenhados
Sinceros ligados
Inteiros com partes
Perfeitos
Como a selecção
Há ou não há
Nesta quarta não na outra está bem
Antes porém há a selecção
Que pode ditar o campeão mundial
Quisera que fora o nosso Portugal
Mas se não for
Fica marcado entre nós
Encontro suado vivo partilhado
E chore-se ou ria-se com o resultado
Há-de ser decerto o encontro esperado
Que os dias que correm
Que os sonhos que temos
Que a festa que queremos
Transforme para sempre as vidas que vivemos
Com mais com alguém
Com parte de ti do outro de mim
Que todas as partes
Combinem e troquem pedaços de si
E assim
Juntando pedaços
Do outro de mim de ti
De tantos que somos
E mais seremos
Possamos vencer na vida em conjunto
Unidos empenhados
Sinceros ligados
Inteiros com partes
Perfeitos
Como a selecção
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