segunda-feira, novembro 05, 2012

Umbigo individual: "não é nada comigo até ser"




Enorme atualidade a destas palavras de autoria de Bertold Brecht, falecido em 1956 em Berlim


Nosso comentário:


Para além desta introdução aqui ao lado, como que uma advertência de Brecht aos portugueses de agora, deixo abaixo uma boa adaptação de sábias palavras deste Bertold Brecht, adaptadas à situação portuguesa e que retirei da Internet.
Efetivamente assim é. 
Esta sociedade dita moderna e desenvolvida tipo ocidental em que vivemos, faz do umbigo individual o seu único centro.
É muito pouco, há que dizê-lo, ser-se só "umbigo meu", particularmente em tempos em que a solidariedade conta.
Ocorre-me um filme (zito) americano que vi "The elephant", que talvez passasse despercebido a muito boa gente, mas a mensagem que encerra o dito filme é forte, cerrada, silenciosa, assustadora.
Aconselho a quem não viu o filme/drama daquela Escola Secundária Americana, drama de uma solidão, um isolamento atroz logo apreendido e cultivado com muito tédio, vazio, inconsequência, pela juventude.
Mais tarde quem somos nós, ex- jovens solitários, egoístas, inconsequentes, como os que o filme citado mostra, volvidos gente crescida, com uma evolução que passou pela solidão, pelo isolamento, a quem toda a tecnologia e elevados padrões de consumo marcou?
"Para mim vai dando, os outros que se lixem", "para mim dá e sobra, que me importam os outros", "eu sou rico os pobres que se lixem", "tretas de solidariedade, trato é de mim", e assim por diante...
Pois é, mas chega a hora em que a inundação nos bate à porta, o furacão, o sismo assassino, a guerra, a desgraça, o infortúnio e só então nos damos conta da pouca importância que o umbigo inflado pela mente tinha. 
Somos PESSOAS, caros amigos, simples pessoas, que esta sociedade está a avariar, que quer fazer dessas pessoas, autómatos, números, verbos de encher, fotocópias, para darem os cifrões que tantos prazeres proporcionam aos insaciáveis vampiros escondidos na noite.
Eles aparecem, comem, bebem, gozam, levam tudo...
E nós deixamos. 
Deixamos caros leitores, exatamente porque andamos a colaborar num jogo perverso bem urdido pelas ditas sociedades de abundância. 
Sociedades de abundância com promessas de fortuna para todos, de um amanhã das mil e uma noites das Arábias, de um futuro dourado. Àmanhã esse, fortuna essa, futuro esse, que afinal de contas, para a maioria nunca chegam.
Termino o meu desabafo de hoje dizendo que as crises, se algum mérito têm, é fazer-nos entender coisas que em tempo de vacas gordas passam ao lado.
Designadamente este tema adaptado do Bertold Brecht que eu sintetizaria assim:
"NÃO É NADA COMIGO ATÉ SER".
Leiam e meditem!



Fiquem bem, António Esperança Pereira
 
http://lusito.bubok.pt/







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