
A notícia
Nuno Morais Sarmento, ex-ministro da Presidência de Santana Lopes, disse esta quinta-feira que tinha a percepção de que se fosse dado parecer favorável ao empreendimento do grupo Portucale, através da assinatura do despacho de imprescindível utilidade pública da Herdade da Vargem Fresca, o dossiê acabaria em tribunal.
O ex-governante admitiu que conversou com o então ministro da Agricultura, Costa Neves, sobre "a sensibilidade óbvia" do caso, dado que "era um tema que se arrastava há anos".
Nuno Morais Sarmento garantiu também que nunca teve nenhuma conversa com Abel Pinheiro, ex-director financeiro do CDS-PP e um dos principais arguidos no processo Portucale, sobre o empreendimento, apesar de o conhecer "há vários anos".
Sobre Sousa Macedo, ex-director geral das Florestas, o social-democrata reconheceu tratar-se de um "grande amigo" e destacou a capacidade técnica e "idoneidade" daquele responsável, que à época liderou o trabalho técnico que permitiu dar aval ao polémico despacho.
Morais Sarmento destacou que "as indicações técnicas eram claras, inequívocas e limpas" e que "o assunto já estava tecnicamente trabalhado quando o governo já estava em gestão". Apesar disso, adiantou, foi-lhe dado encaminhamento numa lógica de "interesse público" e explicou que o documento não fez parte da lista de temas que ficaram a aguardar ratificação do próximo Executivo porque o despacho conjunto "não era matéria que fosse levada a conselho de ministros".
Sobre alegadas pressões do BES no sentido de que o despacho fosse assinado, Morais Sarmento garantiu que nunca conversou com nenhum responsável da instituição sobre o empreendimento, mas reconheceu que tinha conversas frequentes com Ricardo Salgado.
--------------------------------------------
Nosso comentário
Isto ainda nem começou, a nova governação, já começamos a ver o que nos espera.
A notícia acima dá-nos um pequeno cheirinho.
Por outro lado, corre por aí, na net, via email, em alguma imprensa, o curriculo do indigitado Primeiro Ministro.
Não é grande coisa o curriculo, diga-se. Não é que eu ligue a currículos escolares, não ligo mesmo. Já me diz qualquer coisa no mau sentido a sua pouca ou nenhuma experiência em cargos governativos ou similares.
Também a experiência profissional me pareceu fácil e pouca.
Por isso, posso afirmar que sinto algum receio, medo não, que Portugal arranjou sempre saída mesmo nos momentos mais adversos.
A acicatar este meu receio, Poul Thomsen, o rosto do FMI em Portugal, prevê um cenário negro no futuro próximo:
Hoje mesmo ele diz que Portugal perde 6,8 mil milhões.
Aquela Instituição internacional prevê recessão de 2,2% este ano e de 1,8% em 2012. Que a Taxa de desemprego deverá atingir os 13,4% no próximo ano.
Ui! dói mesmo.
A inexperiência de governação será que vai ajudar, num cenário destes?
Pode ser que essa inexperiência seja finalmente compensada pelo ilustre financista Cavaco Silva. Digo finalmente porque anda na política activa há umas dezenas de anos...e é o que se tem visto: "não falo porque não devo falar", "não digo porque não devo dizer", "não faço porque não devo fazer", "não interfiro porque não devo interferir..."
Em resumo: neste país quem faz alguma coisa, quem diz alguma coisa, quem fala alguma coisa, quem interfere alguma coisa, queima-se.
Cavaco Silva sabe-o, por isso ainda aí está: a caravana passa, Cavaco fica.
Sobre isto releiam "o pecado de Sócrates" que escrevi em tempos aqui no blog.
-----------------------------------------------
Um óptimo fim de semana para si, esteja onde estiver,
António Esperança Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário