sábado, junho 25, 2011

CULTURA: NABUCCO MUTI CONTRA OS CORTES À CULTURA POR BERLUSCONI


Actualmente, nos países da velha Europa, vivem-se momentos difíceis que estão a criar movimentos de cidadania contra a desenfreada governação cega de alguns políticos incompetentes (para não lhes chamar outro nome) cujas medidas conduziram ao estado a que as coisas chegaram. Em Itália, país coração da cultura Europeia, o Governo do famoso Berlusconi prepara-se para fazer um corte no Orçamento da Cultura.
O vídeo mostra uma significativa cena durante um espectáculo em que o maestro Riccardo Muti, em forma de protesto patriótico, pede a colaboração do público na interpretação do 'Coro dos Escravos', de Nabuco.

Aconteceu e foi um momento inesquecível. Riccardo Muti acabara de reger o célebre coro dos escravos, Va pensiero, do terceiro ato de Nabucco, e o público do Teatro da Ópera de Roma, aplaudia incessantemente e bradava bis! (Cabe lembrar que, para além de sua intrínseca beleza, que é inexcedível, o VA PENSIERO foi também uma espécie de hino informal dos patriotas do Risorgimento - e daí o enorme apelo emocional que preservou entre os italianos.) Que faz, então, Ricardo Mutti? Volta-se para a plateia e, depois de recordar o significado patriótico do Va pensiero, pede ao público presente que o cante agora, com a orquestra e o coro do teatro, como manifestação de protesto patriótico contra a ameaça de morte contida nos planejados cortes do orçamento da Cultura.
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Nosso comentário

Com a recente medida em Portugal de extinção do Ministério da Cultura, parece-me muito oportuna a apresentação desta manifestação de alma que ainda está um tanto surda nas pessoas. Neste caso no povo italiano.
Todavia, dá a ideia de que, se ela se solta, se ganha foros de uma nova verdade, uma nova tomada de consciência popular e actual, pode ser uma coisa muito muito séria, na Itália, na Grécia, na Espanha, em Portugal, em todo o mundo dito culto e civilizado.
Será o fim da terra prometida de plástico?
O fim da crença em uniões interesseiras? dos arranjinhos que só visam lucros, uma visão do mundo que só vê números em vez de se pessoas?

Se calhar terá chegado a altura de as pessoas perguntarem bem dentro de si o que as faz feliz. O que querem para si, para a sua terra, para o seu país.
Solidariedade sim, esmola não!
O amigo rico, bem nascido, culto, pode dar uma mãozinha no mais desfavorecido, não digo que não, mas não quer que o pobre cresça, se agigante, seja culto, seja igual a ele.
Corte-se,pois, na educação, na cultura.
Defendam-se as elites da finança, os bem preparados para gerar cifrões.

Só que a embriaguez ilusória que foi incutida nas últimas décadas, do "tudo ali ao virar da esquina com um cartão de crédito" parece ter os dias contados.
Cada vez se acredita menos nisso.
Não haja melhor interpretação do todo humano pela classe política e estaremos à beira de um qualquer colapso do sistema.

Em relação ao vídeo supra, devo referir que não estou com o que representa politicamente este vídeo, o ressurgimento de um nacionalismo exacerbado, preferia mais clareza, transparência, uma solidariedade europeia, mundial. À falta dela, e vendo outros nacionalismos exacerbados a insultar culturas de enorme valia só posso estar ao lado dos italianos, quando assistem a cortes nas actividades culturais, e por isso gritam emocionados: viva a Itália!
Itália que é uma obra prima de arte em todos os sentidos, ninguém duvida.
Na melhor oportunidade gritarei de bom grado por outra obra prima de arte,
Portugal!
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Fiquem bem,

António Esperança Pereira

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