segunda-feira, junho 13, 2011

Google assinala 123 anos de Fernando Pessoa


A página portuguesa do Google assinala esta segunda-feira o 123º aniversário de Fernando Pessoa com a criação de um doodle do escritor e poeta.

Fernando António Nogueira Pessoa, de nome completo, nasceu a 13 de Junho de 1888, em Lisboa e faleceu a 30 de Novembro de 1935, com 47 anos, de cirrose hepática.
Como poeta, Fernando Pessoa desdobrou-se em várias personagens e criou heterónimos como Ricardo Reis, Álvaro de Campos ou Alberto Caeiro, entre outros.

Em virtude de ter vivido na África do Sul, entre os seis e os 17 anos, escreveu ainda em inglês.

O crítico literário norte-americano Harold Bloom considerou a sua obra “legado da língua portuguesa no mundo”.
A Google costuma celebrar datas importantes da humanidade com a criação de doodles, que se conjugam com o logótipo do motor de busca da Internet.
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Nosso comentário

Um agradecimento pessoal à Google pelo reconhecimento de uma data importante da humanidade, a comemoração dos 123 anos do enorme poeta português Fernando Pessoa com a criação de um doodle.
Para nós portugueses faz todo o sentido esta homenagem.
Portugal atravessa um período de alguma confusão, de uma quebra de confiança colectiva, quanto a mim, imposta de fora e artificial, longe de ser esclarecida, mas verdadeira.

Vai ser difícil para um país que cresceu tanto nas últimas décadas em tantos domínios, que acreditou numa Europa Unida e solidária, ver-se de repente subjugado a uma lei dita "dos mercados" ajudado e fiscalizado pelo FMI, situação que bem pode ditar o futuro do Estado português.
Também o futuro da Europa!

Esta homenagem da Google a Fernando Pessoa pode constituir um pequeno contributo, entre tantos outros, para que sejam vencidas as dificuldades por que passamos: políticas, económicas, sociais, culturais.
Eu acredito em Portugal.
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Para elevar o moral, deixo-vos um poema de Fernando Pessoa sobejamente conhecido. Trata-se de um poema da segunda parte – Mar Português – da Mensagem- colectânea de poemas de Fernando Pessoa, escrita entre 1913 e 1934, data da sua publicação:

O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: “Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?”
E o homem do leme disse, tremendo:
“El-Rei D. João Segundo!”

“De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?”
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
“Quem vem poder o que eu só posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?”
E o homem do leme tremeu e disse:
“El-Rei D. João Segundo!”

Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
“Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!”
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Fiquem bem,

António Esperança Pereira

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