Nosso comentário:
Ouvi hoje alguns discursos proferidos na Assembleia da República aquando da sessão solene que assinalou o 25 de Abril de 1974.
Apesar de não ser nada fácil engolir palavras ocas ditas por quem pouco ou nada sente aquela data, e dela pouco ou nada gosta, ouvi.
Consegui aguentar, porque um ou outro orador quebrava a espaços a monotonia instalada pelos defensores da desgraça vigente.
Um 25 de Abril de Assembleia da República sem cravo com brilho, sobretudo sem chama na alma. Até um vaso se precipitou no chão, um dos muitos que adornavam as entidades presentes, possivelmente enfastiado com a comemoração balofa de uma data tão importante para Portugal.
De resto, algumas palavras "bonitas", emolduradas aqui e ali por citações "eloquentes" de nomes ilustres, mundialmente sonantes. Nada mais.
Finalmente o discurso aguardado do senhor Presidente da República.
Era o último da cerimónia a usar da palavra .
Em outras datas haveria expetativa sobre o que iria dizer o mais alto magistrado da nação. Muita mais expetativa poderia haver nesta data, Abril/2013, quando o país enfrenta graves problemas a vários níveis. Seria humano esperar algo dele com vista a empurrar a Nação Lusa para um rumo melhor.
Rumo que tendesse a liderar a sua gente, o seu povo, dar algo de si, àqueles que o elegeram para presidir ao leme deste "Nobre Povo".
Pois desenganem-se os que ainda esperavam algo de Cavaco Silva.
Sem nada para dizer, sem empatia alguma com a sua gente, com uma popularidade que ronda o "Mau menos" em nota escolar do tempo dele, mais não fez que colar-se ao seu governo.
Defendeu-o.
Foi tão partidário quanto o são os políticos em comício. Mais parecia o porta voz desse mesmo governo, um ministro adjunto do 1.º ministro ou um 2.º primeiro ministro.
Resumindo, Cavaco Silva, se alguém ainda tinha dúvidas sobre a sua postura, a partir de hoje pôde desfazê-las. Ficou a saber que este homem é o Presidente do PSD e do CDS, a sua coligação de direita no poder. Nunca o Presidente de todos os portugueses.
Para ele, Cavaco Silva, não há alternativas a esta situação. Logo, se não há alternativas, não há democracia.
E a não haver democracia, tudo não passa de um embuste. Os partidos só servem para enfeitar meia dúzia de "eleitos" que agem por conta própria, ou a mando de terceiros, não em sintonia com o POVO que representam.
Constou-me agora mesmo, que um deputado ousou afirmar, tão estarrecido ficara com o discurso infeliz, agressivo, despropositado, do Presidente da República, que o mesmo endoidara.
Vou confirmar.
PS. A propósito de "défice de democracia" deixo-lhes um apontamento sobre a "censura de antes do 25 de Abril", o lápis azul. Oxalá não deixemos que Portugal volte a regredir a esse ponto.
O LÁPIS AZUL
"O lápis azul foi o símbolo
da censura e da época da ditadura portuguesa do séc.XX.
Os censores do Estado Novo
usavam um lápis de cor azul nos cortes de qualquer texto, imagem ou
desenho a publicar na Imprensa.
Para proteger a Ditadura, os cortes eram justificados como meio de
impedir e limitar as tentativas
de subversão e difamação.
Desde o Golpe Militar de 28 de
Maio de 1926, aos regimes de Salazar e Caetano o "lápis azul" servia
para os censores decidirem o que devia
ser noticiado ou divulgado.
A censura durou até 25 de ABRIL
de 1974.
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