sexta-feira, janeiro 26, 2007

tampa

Convidava para sair
alguém de quem gostava muito
havia frio
folhas caíam
e o chão molhado
espelhando árvores despidas
fazia com o jardineiro que varria
o cão vadio
e eu
uma moldura digna de Janeiro
uma paz triste
e nostálgica

falava e escutava
escutava e falava
depois calei-me
só para escutar

"não posso
porque se pudesse para ti
podia para mil
não sou espiga para a tua sementeira"

ora uma flor assim
cativa e desejada
fica sem tempo para mim
e percebi a tampa

percebi que era dia de frio
de geada
e não de fruto grado

desliguei antes que ela desligasse
fui na chuva que caía
sem brilho nos olhos
sem expressão no rosto

e naquele momento pensei
que a vida é uma grande treta

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