domingo, janeiro 14, 2007

já nada é como dantes

A minha rua tem
gente que vai gente que vem
gente igual mas sempre diferente

cada casa é um pouco o espelho disso
o feitio dos cães o modo de vestir
a pressa ou a falta dela
o parque automóvel da família ou nem por isso

e um pouco como em toda a parte
há pais ausentes
há crianças
adolescentes
casais que discutem sempre

depois o natural movimento
dos que partem e dos que chegam

recentemente
homem novo na casa dos quarenta
chegou de outra morada outra mulher
aqui encontrou três
nova mulher as filhas da mulher
duas moçoilas saltitantes
naquela idade de encher o olho
e o resto

e à primeira vista o que parecia
tratar-se de uma situação delicada
com traumas dicas choradinhos
para as bocas dos vizinhos

qual coitadinho quarentão
qual quê
mestre novo vizinho
gere a coisa com jeitinho
ouvem-se risos gracinhas
e folgazão vai enchendo
a casa com mil carinhos

e se no bairro se vê
alguém feliz e gozado
mostrado
ele e suas “muchachinhas”
estão na primeira linha

quando professor ensinava
que divórcio era tragédia
coisa triste muito séria
de certeza não havia
casos de tanto sucesso

em boa verdade se diga
“já nada é como dantes”

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