sexta-feira, janeiro 26, 2007

falando de auto-estima

Conversa de café
as palavras saem de enfiada
e na troca para lá e para cá
já se falava de auto-estima

fala-se muito de auto-estima
sobretudo quando é branda
e torna os homens brandos
quando afecta o funcionamento das decisões
e torna os homens frouxos e babões

ou o contrário
quando envaidece por excesso
e em vez de engrandecer os homens
fá-los parecer uns petulantes
uns pavões sem penas

mas o curso da conversa não ia por aí
e a minha atenção fixou contornos novos
deste tema velho

fui muito marcado por isso
alguém dizia

sempre vi a casa de meus pais
de porta aberta
nem havia fechadura na porta

assim como um sítio de todos
ao contrário da casa dos outros
que encontrei sempre fechada

só eu é que tenho portas para abrir
só eu é que tenho tudo para dar
só eu é que pareço disponível
e se um dia deixar de ser assim
ninguém vai aparecer
tenho a certeza disso

não fixei um preço para mim
como as prostitutas fazem
elas ao menos sabem o que valem
e só se dão se lhes pagarem
se não não dão

não tenho auto-estima nenhuma
estive na vida de borla

ouvi calei depois fui para casa concentrado
pensei muito em prostitutas
em auto-estima
e também num preço para mim

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