O sol de Dezembro estava fraco
e como é baixo no sítio amplo
onde me sentava
num banco
havia sombras que os prédios altos projectavam
um homem sentava-se à sombra em outro banco
uma menina esguia e suave patinava
indicou ao homem
que se sentava à sombra
um banco ao sol
mesmo ali na minha frente
vi a menina os olhos dela
vi o homem os olhos dele
a atenção que ela lhe pedia
deslizando nos patins também parando
debruçando-se no jornal dele
tentava ir nos olhos dele
procurando algum interesse comum
então pousava a mão na dele muito ternamente
tentando contactar
percebi que era pai que era filha
e que pai e mãe viviam separados
que a mãe estivera na Grécia em Roma
coisas que a filha lhe contava
o pai só conseguia ouvir poucas palavras
o seu olhar murchava logo
e escondia-o no jornal
para não mais ouvir
percebi também que estavam ali para almoçar
e que ela perdera o apetite
nuvens demais para um Domingo soalheiro de Dezembro
num último olhar já de abalada
captei nele o vazio do filme que vivia
nos olhinhos dela
uma suavidade triste que confrangia
como ela olhava para mim mais do que ele
e acho que entendia que eu a entendia
deitei nos olhos dela
da melhor maneira que pude
um sorriso esperança
fechando e abrindo os olhos lentamente
e quis que lesse neles um aplauso uma coragem
que não desistisse
porque era evidente o seu amor tão lindo
que não tinha pai coração fonte onde beber
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