segunda-feira, abril 03, 2006

vindimador de cidade

Atino o passo o mais que posso
Com aquele aprumo solto tão difícil de se ter
Desequilibro o aprumo já se vê
Quando caminho
E mais ou menos descomposto lá prossigo

Animo e desanimo nos olhos que me vêem
Tal como em menino em tempo de vindimas
Eu olhava os cestos os cachos as videiras
As raparigas desenvoltas e os seus risos
As escolhas amorosas que faziam

Eu era então videira pequenina
Cabia-me aprender que eu não sabia
Não se pode nascer fazer logo vindima
Sem aprender a equilibrar os cestos fartos na ladeira
Aguentar os pés firmes nos desníveis da encosta

E o rancho era de gente de trabalho
Muitos Verões Invernos semeados
Muita dor e amor nos sóis andados

Tempo adiante
Ou tempo de antes
Pouco importa
O que importa mesmo
É acertar o passo agora

E mesmo que não dê
Para ser bom vindimador como os do rancho
Ao menos que se aprenda
Com humildade
A firmar o passo e a colher uns cachos

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