segunda-feira, abril 03, 2006

cuidar do outro

Cuidei quanto pude quanto eu sabia
Vénus luminosa e linda por cuidar
Percebi ali o escultor apaixonado absorto
O traço o toque o ar estupfacto
A beleza que é
A mulher estática e dada
O fruto perfeito
Para o homem sensível devoto suave
Que habita o génio


Como escultor que não sou
(Falta-me génio e arte)
Eu fazia o que podia
Os dedos tacteavam percorriam
Sufocava sem saber aonde ia
Tinha medo sofria
E como eu tremia meu Deus


Era muita a água que corria
Fonte mulher que me fazia sede
Encolhi o tacto evitei o gesto
Tive medo de beber
Ser condenado

Pobre coração delicado e ingénuo
Porquê tanta contenção
Porquê a razão nos faz uma coisa destas
Porquê o amor tem de sentir-se condenado

Apetece dizer que somos mais do que parecemos
Apetece ensaiar uma conduta diferente
Apetece vencer amarras preconceitos
Porque o medo é implacável com quem se deixa intimidar

E eu só posso dizer
Porque não sei fazer melhor
Vénus mulher perdoa
Sou pouca coragem para tanto esplendor

Sem comentários:

Enviar um comentário

Publicação em destaque

Livro "Mais poemas que vos deixo"

Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...