segunda-feira, abril 03, 2006

despe os trapos que arranjaste

Na tua pele e sem disfarces
Sem aquela imagem cinzelada que criaste
Renasce

Esquece os desaires que enfrentaste
Os atalhos velhos que passaste
Os faz de conta
Despe os trapos que arranjaste
Os refúgios onde quem sabe
Perdeste o melhor com que sonhaste

Hoje estás nu
Completamente aberto ao ar ao vento
À rua ao céu aberto à vida florida e não das árvores
E do resto do mundo
Que acompanham as estações

Hoje não chames nada a nada
Nem entendas só o sítio pelo sítio
Cada espaço é grão de areia numa beleza maior
Mais abrangente
Sente essa beleza plena
Fixa o instante

É possível que haja ruptura
Mas deixa que haja
No que te habituaste a ver e contar com mil palavras
Talvez até te assustes com o êxtase novo
Na tua nudez tão completa e boa
E te faltem as palavras

Não faz mal
Há um tempo que está para além das línguas
Dos conceitos aprendidos
E o que se sente é tão autêntico
Tão intenso tão arco-íris global
Que a tua mente pára

Não há palavras

Fecho a caneta com que escrevo
Às dez da noite
Fico só no sentimento
Na descoberta interior
Na atenção plena
Na vida total e abrangente que percebo

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