sábado, dezembro 08, 2012

Não vês que as pessoas já receberam o subsídio de natal?


Nosso comentário:



Um dia de Dezembro, hoje, que nasceu com nevoeiro cerrado em Lisboa, logo mostrando durante a tarde um sol bonito embora frio em cores de folhas caídas de outono. 
Rumava eu a um conhecido centro comercial de Lisboa, onde ia tomar a bica (café) da manhã.
Faço-o não poucas vezes e assim porque o dito centro comercial não fica longe de minha casa, aproveito por isso o ensejo para andar a pé.
Junta-se o útil ao agradável.
Ia acontecer uma surpresa.
O enorme centro comercial, que me acostumara nos últimos tempos a um vazio quase chocante, acompanhado de reduções no consumo de serviços públicos, designadamente águas quentes nas casas de banho, secadores de mãos, etc. etc.
Ultimamente, e para além de uma árvore de Natal ali colocada para assinalar a época natalícia, em termos de movimento, de azáfama de outro tempo, a gente tem desaparecido do grande centro. Muito por força da crise, cortes nos salários e pensões, aumento de impostos em tudo o que se vende, em tudo o que mexe.
Restaurantes começaram a ficar às moscas, clientes nas lojas, poucos, aquela dinâmica própria de outros tempos, nem vê-la.
Hoje, para meu espanto, esta a surpresa de que falava, ao contrário do habitual e esperado, o centro comercial estava à cunha, apinhado de pessoas. 
Os restaurantes cheios de clientes sentados nas mesas em hora de almoço, filas de espera à porta dos ditos restaurantes. Nas gentes eram visíveis roupas novas, sacos de compras, um ambiente energeticamente diferente do habitual, onde a crise parecia ter desaparecido.
Um espanto.
A minha distracção momentânea para certos pormenores é histórica. 
De forma que não percebi por mim próprio o que se passava. Pelo que tive de pedir ajuda a quem me acompanhava.
Perguntei então o porquê daquele corropio e animação de proporções gigantescas, tendo em conta o habitual dos últimos tempos.
Eu sei que é natal, que há compras que se fazem nesta altura, mas com a crise, achei demasiado o burburinho e "ar de feira de ano de antanho" a que assistia.
Porquê tal enxame quase impenetrável de gente no imenso centro comercial?
A resposta de quem me acompanhava, pessoa mais atenta a pormenores imediatos do que eu, não se fez esperar.
Disse-me a pessoa:
"Não vês que as pessoas já receberam o subsídio de natal?"
Parei, tentei enquadrar-me com a resposta no meio da confusão, já que eu sou dos contemplados com o corte dos subsídios de natal e de férias, meio empurrado pela multidão ao tomar no sentido descendente a escada rolante, percebi então.
Ah pois é: há muita gente que recebe subsídio de natal...retorqui eu, sem fazer quaisquer comentários.
Justiça Portugal/2012, aonde?
Saí da superfície comercial logo que pude para retomar o caminho de casa e, entre outras coisas, ir arrumar a cabeça e escrever umas palavras no blogue.
É que o natal, especialmente o natal patrocinado por esta governação, não é para todos...nem que para isso a própria Constituição da República tenha que ser violada nos seus princípios normativos de um Estado de Direito.


Fiquem bem, António Esperança Pereira
 
 
http://lusito.bubok.pt/



PS. Ilustro com humor realista da Internet o meu post de hoje. Diz a vítima ao gatuno que o tenta assaltar: "Já vens tarde...o Coelho chegou primeiro!"


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