Nosso comentário:
Prato forte do dia em Portugal, claro está, a manifestação gigantesca convocada pela central sindical CGTP que esgotou e fez transbordar de gente o Terreiro do Paço.
A ela se juntaram forças diversas, designadamente forças militares e militarizadas, enfermeiros, pensionistas, desempregados, jovens, gente de todas as classes sociais, de todas as idades e cor política.
O ambiente político-social em Portugal está mais que quente, creio que o divórcio entre forças políticas instaladas e o povo português é cada vez maior.
Quem assiste ao discurso dos políticos, por um lado, por outro vê, sente, assiste ao pulsar dos verdadeiros sentimentos, anseios, esperanças, gritos, do povo autêntico, não tem disso a mínima dúvida.
Pode o leitor cogitar sobre o papel dos políticos nesta fase: talvez tentar serenar impulsos de descontentamento, tentar ser solidários entre si através de compromissos mais ou menos velados, para evitarem um colapso social...
eu pergunto: perante as políticas seguidas, as mentiras, as dificuldades de apontar um caminho de esperança, de justiça, de equidade....
perante tantas e tamanhas medidas de austeridade lançando a população para um cenário de pobreza generalizada...
perante um cenário de perda de soberania agravado com a venda por tuta e meia do que de melhor Portugal tem...
será possível aos políticos contabilizarem alguma credibilidade?
Aqui está a questão. A tal questão de uma coligação mais alargada, que irá seguramente ser intentada brevemente como remendo, mais meiga no sentido social, menos desumana nas questões da saúde e do desemprego, mas na qual me atrevo a afirmar, em que cada vez será mais difícil confiar.
O povo afirma no seu dia a dia: "Eles são todos iguais". Eles, referindo-se aos partidos ditos de poder (PS, PSD, CDS)
Situação bem complicada caros leitores.
Depois a Europa, esse "Eldorado por vir" semi-fracassado onde está?
Atrevo-me a dizer como venho dizendo desde que a crise rebentou: A Europa está serenamente assistindo a um desmoronar vergonhoso da União Europeia como foi sonhada e concebida pelos seus ilustres fundadores, a um afundar sem tréguas, sem bóias de salvação, dos seus parceiros menos apetrechados.
Cada líder nacional agradando aos seus eleitorados, cada voz falando cada vez mais para seu lado, segundo as suas próprias conveniências.
Uma bagunçada!
Mas uma bagunçada que a alguém aproveita, e muito, disso temos a certeza.
PS. Deixo-vos dois textos publicados na imprensa: um sobre uma atitude, a de António Borges, o outro sobre uma resposta a essa atitude. Exemplo de como Portugal está.
Fiquem bem, António Esperança Pereira
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António Borges chama "ignorantes" a empresários portugueses
António Borges diz que as alterações à Taxa Social Única eram uma medida "inteligente". O consultor do Governo para as privatizações acusa por isso os empresários que criticaram a medida de serem "completamente ignorantes". O presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, considera estas declarações "infelizes".
----------------------------------------------------------------------------------------------------------Borges "nunca trabalhou na vida, nunca teve de pagar salários e não sabe do que está a falar", afirma Filipe de Botton
www,jn.pt
O presidente da Logoplaste, Filipe de Botton, defendeu que
António Borges, que acusou os empresários que criticaram a redução da TSU de
serem "ignorantes", tem "uma atitude que demonstra total ignorância do que é o
tecido empresarial português".
foto Diana Quintela/Global Imagens |
Filipe de Botton lança duras críticas a António Borges |
"Está a ter uma atitude que demonstra total ignorância do que é o tecido
empresarial português", reagiu o empresário Filipe de Botton, defensor de que a
redução da Taxa Social Única (TSU) para as empresas "não faz qualquer sentido" e
revela uma "insensibilidade social perfeitamente inaceitável".
O consultor do Governo para as privatizações, António Borges, defendeu hoje
que a Taxa Social Única (TSU) é uma medida "inteligente" e acusou os empresários
que a criticaram de serem "ignorantes".
Em declarações à Lusa, Filipe de Botton disse que "é pena que [António
Borges] fale sem conhecimento", acrescentando que o consultor do Governo em
matéria de privatizações "nunca trabalhou na vida, nunca teve de pagar salários
e não sabe do que está a falar".
Quando o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou a intenção de
reduzir a TSU para as empresas e aumentar a contribuição dos trabalhadores para
a Segurança Social, o empresário considerou que a medida demonstra "uma
insensibilidade social que é perfeitamente inaceitável" e defende que a poupança
resultante da redução da TSU não terá qualquer impacto no emprego.
António Borges interveio hoje no I Fórum Empresarial do Algarve, que decorre
este fim de semana em Vilamoura e reúne mais de 300 empresários, economistas e
políticos de Portugal, Brasil, Angola, Índia, Emirados Árabes Unidos e
Moçambique.
"Que a medida é extremamente inteligente, acho que é. Que os empresários que
se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes, não passariam do
primeiro ano do meu curso na faculdade, isso não tenham dúvidas", afirmou.
Admitindo que a medida implica perda de poder de compra "para muita gente", António Borges considerou, no entanto, que quem acha que "o programa de ajustamento português se faz sem apertar o cinto, está com certeza um bocadinho a dormir".
Aquele responsável discordou ainda que, com a TSU, se proceda a uma transferência dos rendimentos do trabalho para o capital, já que o problema do país é estar "completamente descapitalizado".
Admitindo que a medida implica perda de poder de compra "para muita gente", António Borges considerou, no entanto, que quem acha que "o programa de ajustamento português se faz sem apertar o cinto, está com certeza um bocadinho a dormir".
Aquele responsável discordou ainda que, com a TSU, se proceda a uma transferência dos rendimentos do trabalho para o capital, já que o problema do país é estar "completamente descapitalizado".
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