segunda-feira, abril 02, 2007

metáfora dos conquistadores

Se o mar for fundo
e se entender o risco grande
para a tradição de cada um
não vai dar para enfrentar
tão grande desafio

há sempre o Adamastor
as tormentas do cabo Bojador

só depois de ventos enfrentados
muitos sóis volvidos
amainadas as águas vencidos os medos
poderá arribar-se a uma ilha dos amores

uns viram velhos do Restelo
a maldizer a criticar
recusam o mundo a avançar

outros têm só medo do mar
preferem morrer de tédio
do que ir
acreditar

os que embarcam
são os que querem mudar
que sabem de um mundo novo
do lado de lá do mar

mas nem todos os que embarcam
são iguais no caminhar
um fuma muito a bombordo
outro bebe no porão
outro prefere rezar
outro afoga a solidão
olhando o infinito mar

vale o líder timoneiro
para guiar os marinheiros
consoante as horas que são
a nostalgia a euforia
os hábitos a fome e o cansaço
aceitar até a desistência
quando o momento fica sério

a uns chega um porto perto
a outros não
querem mais que ficar perto
esses querem chegar
aos quatro cantos do mundo
são grandes conquistadores
e há que os saber guiar

mesmo depois de chegar
há que bramir a espada
lutar
cimentar novas conquistas

que só após muita luta
noites claras a fio
muita ferida por sarar
chega enfim a recompensa
o merecido festejar

comem bebem cantam dançam
os bravos conquistadores
ondas do mar altaneiras
terra nova tão exótica
lábios ninfas risos de anjo

corpos quentes seios nus
peitos arfando gemendo
não da peleja mas de êxtase

há tambores índios amores
uma alegria tribal
na raiz um mundo novo

benditos conquistadores
que dizem não ao pecado
à moral ao proibido
vida em dança abundância
emoção para lá do medo

homens que vêem mais longe
e por isso vão mais longe

e por assim verem tão longe
e irem assim tão longe
mudam o mundo
fazem história

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