domingo, dezembro 25, 2011

Fechar com chave d'ouro

Véspera de Natal refere-se ao dia 24 de dezembro de cada ano. Em Portugal, o dia de véspera é marcado pela união familiar que consiste num jantar dado pelo nome de consoada ou também ceia de Natal, e à meia-noite é feita a distribuição e troca de presentes.[1] No Brasil tradicionalmente à meia-noite é realizada a ceia de Natal e espera-se que o Papai Noel visite cada casa e entregue presentes às pessoas, principalmente às crianças. Também é comum a troca dos presentes entre parentes ou colegas de trabalho que participam do amigo Secreto (também chamado Amigo Oculto).
 
Pois bem neste dia assim definido pela Wikipédia, logo pela manhã, voltei a tomar a bica no tal café das redondezas que serve a dita bica acompanhando-a de pacotinhos de açúcar  que fazem publicidade aos cafés CHAVE D'OURO.
Dado ser o seu conteúdo extremamente pedagógico a ele tenho aludido por várias vezes aqui nos meus posts.
 
Desta feita deparei-me com uma enorme surpresa ao ler o pacotinho de açúcar. Sem sequer o imaginar, constatei que a expressão "chave d'ouro" que dá nome à marca de cafés publicitada, está ligada à poesia, o que muito nos apraz.
Se se trata de um mero acaso ou não, isso não investiguei.
Vejamos, pois, o que rezava o pacotinho de açúcar sobre a expressão em título:
Fechar com chave d'ouro:
 
Significado: Remate feliz
Origem: Está relacionada às obras literárias, principalmente os sonetos.
Chave d'ouro, para o sonetista, é o último verso de um soneto, que dará sentido a todo o resto da composição.
 
Parabéns "Cafés Chave d'Ouro" pela campanha!!!
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O que é então o soneto e de onde vem?
 
Soneto é um poema de forma fixa, composto por 14 versos.

Ao que tudo indica, o soneto - do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som - foi criado no começo do século XIII, na Sicília, onde era cantado na corte de Frederico II da mesma forma que as tradicionais baladas provençais.

Alguns atribuem a invenção do soneto a Jacopo da Lentini (conhecido como Jacopo Notaro, após receber o título «Jacobus de Lentino domini imperatoris notarius» ) - poeta siciliano e imperial de Frederico II, que surgiu como uma espécie de canção ou de letra escrita para música, possuindo uma oitava e dois tercetos, com melodias diferentes.

O número de linhas e a disposição das rimas permaneceu variável até que um poeta de Santa Firmina, Guittone D'Arezzo, tornou-se o primeiro a adotar e aderir definitivamente àquilo que seria reconhecido como a melhor forma de expressão de uma emoção isolada, pensamento ou idéia: o soneto.

Deixo-vos um conhecido soneto do grande Luís Vaz de Camões.

Alma minha gentil que te partiste

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algu~a cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Luís Vaz de Camões
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Continuação de Boas Festas,

António Esperança Pereira

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