quinta-feira, junho 03, 2010

Poupem poupem...


Crise três em pipa de assustar
poupem poupem
dizem os banqueiros descaradamente
os mais ricos
os bem pagos
que tão galhardamente
nos fizeram acreditar
na multiplicação dos pães
melhor
na multiplicação aritmética
geométrica
dos bens

sentia-se que os malabaristas
“incompetentes” economistas
tinham curtas vistas

nasciam produtos mais produtos
vender vender vender
faziam crer
que o último grito da moda
a novidade
era sempre possível de se ter

e o Zé pagode bom levado
crente
comprava pagava
endividava-se
dir-se-ia que coleccionava
o que a sociedade farta
lhe impingia

juntou-se o roto ao nu
com tal ciência
uns sem dinheiro para comprar
outros com produtos por vender

e a economia está o que se vê

puseram números estatísticas
no lugar das pessoas
agora nem há números
nem pessoas

há umbigos confundidos
que eles criaram
há desespero e medo
que geraram

mas também há
quem não se assuste com tão pouco
os que não tremem
por a queda se a houver
ser mais pequena

os que se habituaram a ver fartura
nos pomares nas hortas
nas searas
nas azedas nas amoras
nas refeições caseiras

na pródiga terra mãe
abandonada

pois se foi mentira
tanto dinheiro de plástico
e se o que estiver a haver
for um acerto
pois que o haja
mesmo que seja drástico

quem fez a cama que se deite nela
e que o tombo
a havê-lo
contemple à risca
os que pregaram
a farsa liberal capitalista

4 comentários:

  1. BRAVO MEU AMIGO
    JINHOSSSS
    FN

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  2. Sabes Mano, os ventos não sopram de feição e o Zé Povo,
    como quase sempre, estava e continua na mó de baixo!
    Mas também algo acomodado, ou meio bronco. Têm vindo
    a público denúncias sérias, algumas escandalosas, através
    da Imprensa, da TV, da Net e dos Tribunais. Hoje as pessoas
    estão melhor informadas, podem é não ligar.
    Pois bem, uns fazem-se distraídos, outros piam e de pouco
    lhes serve, os mais argutos... aproveitam!
    Face à realidade, por vezes apetece-me bater palmas aos
    vivaços. Uma vez que assim é, Deus os guarde.
    Quem escreve, ou representa, não raro põe o dedo na
    ferida. Isso é bom, talvez louvável, mas quase se fica pelo
    desabafo, dado o curto alcance.
    Aos do Poleiro, aos da Justiça e aos do Dinheiro, não
    faltam argumentos de peso que atestam o patriotismo
    com que se sacrificam na Direcção dos destinos do País.
    Regra geral trata-se de concidadãos voluntariosos, mal
    remunerados, super inteligentes e muito íntegros.
    Portanto as coisas podiam estar pior, se não tivessemos
    essa Nata a dirigir. Temos de nos curvar à Nata!
    Os Poetas... Que vão desabafando!!!
    Um grande abraço para Eles.

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  3. Mano realmente os poetas vão desabafando pintando sempre como podem, uns mais que outros, realidades por vezes bem difíceis de pintar... os bons prosadores como tu vão apontando muito bem farpas onde eles acham que são úteis e denunciadoras de injustiças.
    Mas como dizia o outro "é preciso acreditar"
    Um forte abraço

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