
Calçada romana isolada
pedras soltas
detritos de rebanhos
carreiro pouco visto por humanos
assim era o caminho
que ligava
minha terra natal
à minha terra de morada
que esforço desumano
fazer o que eu fazia
cobras lagartos poucos ais
percorrer um tal caminho
em pasteleira bicicleta
quando nem chegava aos pedais
montava desmontava
consoante o piso permitia
subia descia
animava desanimava
o Côa quase enxuto
bem no fundo
tudo o que em redor se via
eram infindáveis pedregais
o desafio até gostava
contornava obstáculos
engendrava soluções
como que me sentia vivo
no cansaço
só que a meio do caminho
cães enormes longe do pastor
e do rebanho
ladravam corriam
ameaçavam arreganhando os dentes
à alma penada
EU
que ali passava
descia da bicicleta
e com ela como escudo
para me defender
tentava afastar os animais
até o grito do pastor os demover
sentia em sítio onde nascera
alguma ingratidão
no tempo de medo e solidão
que não passava mais
reconheci certo dia
que era demasiada estoicidade
fazer o que eu fazia
com tanto cão a ladrar
um ou outro não seria!
e com tanta dificuldade
pedras e pedregulhos
arribas tantos engulhos
o que era empresa aventura
candeia ali novidade
ficou inferno tortura
virou impossibilidade
deixei o caminho velho
que tão mal me recebia
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