
Tantas vezes cruel
a realidade herdada
inverno frio geada
um ninho lugarejo
com sabor a fel
deambula-se mata-se o tempo
afoga-se o tédio
num qualquer veneno
para esquecer o horizonte escasso
ou a falta dele
a resposta em atitude confiada
perde-se na neblina
das colinas e dos montes
no mar irado de vagas poderosas
fica mais visível o “pequeno” de nós
o medo
a sombra que somos mesmo sem sol
a doença a noite
o cemitério inerte
agigantam-se mais que a bonomia
a vida
o frenesim do sonho grande
foge o entendimento de que tudo é passageiro
o mar irado
a doença a noite
o outeiro enevoado
só se enxerga falta de horizonte
para lá do nevoeiro
e há um lapso de tempo
uma quase eternidade
em que não se consegue ver
(perdidos no inverno)
que uma nova primavera
em um qualquer lugar
está por chegar
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