quinta-feira, dezembro 04, 2008

sobretudos roupa nova

Dezembro sobretudos roupa nova
uma origem comum
o espaço geográfico que os pariu

hoje como destino um outro espaço
almoço encontro desencontro
na cidade

ilusão repetida anunciada
de mostrar uma aparência sustentada
perdida já em trechos
sonetos versos dramas enseadas
passado translúcido
de estradas esgotadas

há gestos neles sorrisos tosse
encravam as palavras
na fita métrica da distância
há o menino lúdico de outrora
escorrido autêntico
feito general agora
ou outra profissão sonante
sério calculista pesado circunspecto

contam-se espingardas no olhar
galões currículos posição social

mas é tudo gente velha
com medo da morte
com medo de perder o leme e o norte
ante o tempo dos outros
que é mais novo e deles já foge

apraz naquele encontro de carcaças
mostrar alguma coisa
que ainda espante
esconder falhas taras medos
que possam tirar brilho
ao eco de inteligência gabarito
propalado

mostram-se os meninos em formato velho
que os põe desajeitados em reparos
olhares antigos em meninos velhos

que é do Chico safadão
o Paulinho das perdizes
o Pedro do garrafão
o marrão do Agostinho?

deles nem uma pálida projecção
no formato em que estão!

se eu fosse ali
não falava não fingia não ficava
apenas entrava
olhava-os bem nos olhos
nem um pensamento nem uma palavra
e saía

com lágrimas nos olhos ou sem elas
ia á praia mais próxima e fazia
como o Zorba fez
despia-me
e lentamente primeiro
depois com toda a energia
em sintonia com ventos e marés
o frio a chuva
o que quer que fosse

dançaria dançaria dançaria!

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