segunda-feira, dezembro 29, 2008

Família séc. XXI


Ferve o almoço em nervoso miudinho
o telemóvel toca
feriado dia santo fim de semana prolongado
o tempo estica
quase pára
na família exausta
pouco habituada a dar-se tanto

o lugar é chato curto estreito
a habitação quase não respira
rodeada de betão sombrio e alto
em toda a volta

surgem ideias cansam-se cabeças
corrupio de corpos e de vozes
na casa pequena da cidade
tanta gente num baralho complexo
de micro famílias recompostas
unidas pela neura de um tempo imenso
que desnuda as pessoas
e as põe expostas

o jogo continua com a idade
com as novas formas de jogar
e não se consegue descortinar
nestas ondas poderosas
que às vezes se agigantam
ameaçam gritam ferem
se atropelam...

onde vive o amor!

e navegar em mares perigosos
fundos
com fantasmas do tamanho do Adamastor
sem perder o rumo
uma ponta de liberdade que dê para respirar
num espaço humano
em curto circuito…

o próprio amor pode naufragar!

1 comentário:

  1. Gostei bastante. Escreves muito bem, um espectáculo!

    Bjnhs
    SP

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