quarta-feira, julho 04, 2007

fogo que arde labaredas

Enquanto alongava e encolhia o coração
gesto rubro em sentimento
ajudado pela respiração que enchia
esvaziava o peito
dei por mim
apertando derretendo em suor
com os braços em volta de ti
e quanto mais apertava e te sentia
mais apetecia apertar
e apertar

que grão alimento grado
suculento
que fruto bom que mata a fome
que céu e inferno
que és ao mesmo tempo
mulher

em volta havia gente
não liguei
momentos assim acabam mal começam
nem sequer chegam a durar
e eu por experiência
sei

por isso cerrei os olhos
continuei a derreter a transpirar
quis aproveitar o instante breve
o mel dos meus sentidos

corpos atracção que se entendiam tanto
abraço incêndio em labaredas
aperto sem doer totalidade
fogo sem se ver mas que arde
arde

leva-me contigo um dia destes
quando não tiveres mais nada para fazer
eu serei gato passarinho
um cão vadio se quiseres
mas leva-me e dá-me o teu conforto
põe-me no regaço no teu ninho

cuida do fogo que arde em mim
da sede e do sufoco que são tais labaredas

põe a minha alma sossegada de vez

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