domingo, julho 29, 2007

confusão de nacionalidade (ou um Nobel baralhado)

Na vida há que ter laços ligações
amigos
saber a quem pedir
ser fixe abrir

estar lá quando é difícil
dar
também recuar
se for preciso

praticar a troca
e o sentimento que faz a força dos amigos

vender-me ou render-me não preciso

tenho um nome
uma história um caminho
fui pobre navegante rico nobre
vagabundo também

andei perdido andei
mas sempre me achei
e já lá vão novecentos anos

no chão que piso
nas pedras e nos montes
nas cidades norte e sul

nos rios e nos mares
nas ilhas água tão bonitas
chamadas de madeira e dos açores

na língua que me entende
sou eu quem manda

na minha casa
é bem vindo quem vier por bem
quem não vier
terá sempre que se haver comigo

sexta-feira, julho 27, 2007

o rio começa o rio termina

parece que há um limite para tudo

para a presa que foge e chega o tempo em que desiste
para quem sobrevive até que se cansa
para a dor que se aguenta até ser mais forte que a resistência
para o vento que não sopra sempre
para a ave que não mantém voo permanente
para o fim inevitável da linha do horizonte
para o espaço que não dá para ultrapassar o limite

não fora a ficção o sonho a imaginação
e o realismo absoluto seria o caminho certo

vida é vida e morte é morte
o que se vê é o que é
não mais que isso
o rio começa
o rio termina
andamos sempre perto
do princípio e do fim

não fora a ficção o sonho a imaginação
tal como o rio
princípio e fim
não haveria além dos limites

um primeiro encontro

Vou ter contigo
e estou sem jeito
o meu tino desatinado
os meus sentidos temerosos

estou inseguro como nos primeiros passos

as palavras às vezes são madrastas
o tom com que se dizem
a extensão
o som inexacto que transmitem

e o coração desiste
sem saber o que faz

por isso queria
que o que eu quisesse
e o que tu quisesses
acontecesse sem dizer nada
que os meus olhos e os teus olhos se entendessem
tivessem a resposta certa

porque te desejo
vou calar-me o mais que posso
e Deus que nos conhece
fará a síntese correcta
do que eu quero
do que tu queres

sábado, julho 21, 2007

olhos de amor

Respirando com toda a descontracção
também concentração
percorro pequenos lugares do meu corpo
em atenção

descubro locais com registos anteriores
sintomas mal estar aqui e ali
males menores e males maiores
que houve aí
e se acostumaram ao lugar

sou levado a pensar
quando liberto tensão
e entra a paz com o ar inspiração
que o amor aumenta quando a paz cresce

vê-se no brilho do olhar
na postura mais amante
dos sentidos

como que olhando os outros
neles desaparecem
coisas que víamos antes
e deixamos de ver depois

os traços dimensão agressividade
a inquietação o medo a agitação
os olhares esgazeados
a hostilidade

após a desobstrução do mal estar
aliviando zona a zona
com o bem maior do universo
o ar
em inspiração expiração

pude constatar
que em tamanha paz
são olhos de amor quem vê por nós

estrelas faróis lacrimejantes

Os teus olhos andavam perto muito perto
podia quase agarrá-los
falar com eles
contar-lhes tudo sobre mim
sem dizer nada

ficaram receptivos
brilhantes grandes
estrelas faróis lacrimejantes
entendendo os códigos dos meus

um gesto intuitivo rápido
podia fazê-los ficar comigo mais um tempo

mas embora conversando
bailando
pedindo suplicando
colando
foram-se afastando
na separação inevitável a que a vida nos condena

vi-os desaparecer
olhos meus viajando nos teus
e os teus nos meus
cobardia e tanto querer ao mesmo tempo
naquele engano de ilusão e nostalgia
que nos prega ao chão
sem saber o que fazer

quem sabe não volte a ver-te um dia destes
quando eu estiver triste
distraído aborrecido
e apareças com o teu olhar
para me encantar

e nesse outro encontro
que está por acontecer
eu não esteja mais capaz
mais preparado
mais audaz
para te agarrar te conquistar

dia vazio de eleições e de domingo

Acordei triste
em dia vazio de eleições e de domingo
quis perceber se tal tristeza
seria só por isso
se também pela chuva insistente que caía
em Julho alto sonhos de Verão

isolei-me então
quase não sentia nada na garganta
seca como o peito
e nenhuma fonte perto

a cabeça estava como o resto
sem pinga de oásis
e apenas uma nesga da cidade
em baixo aparecia entre as árvores
e assim me situava

tentei então
entender o que se passava
na minha solitária atenção
muito concentrada em meditação

vi uma folha de romance por sarar
estava em branco
mas agarrada ainda á contra capa
de um livro outrora escrito

tinha deitado tudo fora
num promontório cimeiro ao mar
desapareceu o resto
menos essa folha em branco
que segurava a contra capa
pendurando-a num arbusto do lugar

e era ela
folha em branco romance por sarar
que neste dia vazio de eleições e de domingo
me estava a incomodar

terça-feira, julho 17, 2007

um lugar bom

Sonhava um lugar bom
um recanto de amor
e encontrei
estive nesse lugar um tempo
amei

tive a momentânea ilusão
que seria possível guardar o lugar
tratá-lo
como quem trata uma flor

com carinho
dedicação
cor
sol
coração

como quem descobre em cada pétala
todos os dias
um arco iris
uma carícia de veludo
um sentimento bom que só se sabe que o é
porque se sente

mas foi tempo sem regresso
foi amor eterno que durou pouco
foi sonho que acabou ao romper da aurora
foi o impossível que ganhou

hoje aqui estou
deitando contas à vida
sei que o zero é um ponto de partida
sei que o zero é um ponto de chegada

opção difícil

Ontem ela disse-me
"sinto-me em baixo preciso de suporte"

como era coisa de minutos
e a rapidez exigida nada tinha a ver com nada
já que nem eu nem ela podíamos faltar a compromissos
e implicava cedências só da minha parte
dei uma nega e não fui

senti que iria rebaixar-me
que iria não ter tempo para o abraço necessário
que seria o bobo roçando os limites do aceitável
que olharia para mim nos degraus da porta dela
e não gostaria de me ver lá

não era para mim aquele papel
de acarinhar quem procura outros carinhos
de fingir estar bem quando nada está
de prolongar um amor cheio de dor
um deserto quase permanente
uma ilusão de chama que não passa disso

então fiquei e não fui
e acho que fiz bem

optei por guardar o sonho que inventei

sexta-feira, julho 13, 2007

conversa de amigos

As palavras viajavam pelo tempo
entusiasmavam deprimiam
perdiam-se nas curvas das noites
e dos dias
das coisas
que fizeram tanto sentido


que marcaram lugares dias horas
atitudes
no movimento imparável dos relógios


depois feita distância
toda a lembrança perde intensidade
sobrepõe-se o enfrentar da realidade
no presente


nas memórias idas
conjectura-se no mundo dos SE’S
das escolhas feitas
das dúvidas
nas tantas opções que se mostraram


tudo tão absoluto em cada altura
tão esmagador omnipotente
que tira o sono a felicidade
e gera até dificuldade
em vislumbrar futuro


afinal de contas
em tantos milhões de curvas
opções
em termos de vida toda
pouco conta a omnipotência das coisas
o impacto que causaram


que o tempo paulatinamente
passa
e ao passar
vai resolvendo tudo sem se importar
com o que importa muito ou não importa nada


simplesmente passa


somos obrigados a pensar
que mesmo o que parecia insondável
inquestionável insubstituível
inegociável


afinal de contas
aqui e agora
que importância tem
a importância que as coisas tiveram
ou não tiveram


fica tudo o que passou tão relativo
agora
quando as nossas falas
reacendem a fogueira dos SE’S
tão sem actualidade cor sentido


que apenas podem ter
o sentido que pode ou não fazer
queimar tempo actual
com tempo antigo

abandono quietude meditação

Compreendo quem opta por extremos
abandono quietude meditação
a paz o odor que se experimenta
sentir o ar a preencher o corpo
levar a quietude ao interior
doseá-lo quase como se quer

parar a paz

pôr em cada poro
o colorido que se escolhe
o caminho do prazer
transe viagem interior
na quietude dimensão tão integrada
que quase se confunde
com esquecimento ausência outro mundo

mas há um regressar

assim como uma viagem de sonho
que se faz nas férias grandes
depois acaba

o burburinho da vida chama
o regresso ao habitual
os deveres do dia a dia dificuldade
o tropeção no desconforto mundo cão

compreendo que é bom viajar na imensidão
do sonho êxtase
mas quando se abrem os olhos
em devagar contacto
primeiro com o tacto
depois com os outros órgãos dos sentidos

a diferença é colossal
entre os dois mundos
estranha-se tudo
até o susto do contacto próximo

qual ser desadaptado
que a todo o momento pode ser tentado
por uma viagem sem regresso
seja por convicção de estar ausente
ou pelo simples medo de estar vivo
e presente

quarta-feira, julho 11, 2007

gosto de ti

puto curioso autêntico traquinas
do ar de vitória que pões
quando apanhas do chão
uma pedra e a atiras
ao tronco das árvores mais finas
e acertas

gosto de ti

do teu ar de medo
em correria
quando atrás à frente e aos lados
um coro de cães te ladra
com ar assanhado dentes afiados
é tanto o medo
que os tornozelos e os joelhos
de tanto correrem e se tocarem
quebram em sangue e tu não te importas

gosto de ti

quando desafias sozinho no campo
um exército de formigas
cortando-lhes o caminho
o quanto aprendes a vê-las
tontas inquietas perdidas
buscando o retorno ao caminho
quando olhas as cegonhas nos charcos
espelhados de juncos e de céu
boquiaberto
e as achas tão bonitas

gosto de ti

quando te entristeces com o enterro que passa
e foges automaticamente
daquele som colectivo tresandando a morte
e te refugias nas guloseimas
sabor a vida
no colo da mãe tão seguro
nos trabalhos da escola que lembram amigos
rumo futuro

gosto de ti

quando especado comendo melancia
bem revirado para a outra banda
vês concentrado as raparigas de Espanha
vindas à feira de Almeida
que se afastam sadias cantando
“enamorada”

defesa central apessoado

Defesa central apessoado
lá na terra era herói
com os pés quando chutava
a bola ia tão alta
que quase a vista a perdia

o mulherio gritava

e se o adversário passava
e a baliza ameaçava
era a ele a quem berrava

dá-lhe força agora

e Abílio respondia
com denodo e valentia

com o dinheirito do emprego
e o desempenho na bola
dava largas ao machismo
raparigas não faltavam
namoriscava as que queria

só que um dia calhou
que por falta de cuidado
uma delas engravidou

e pressionado pelo povo
logo com ela casou

uns cabelos lhe caíram
a força foi-lhe faltando
apareceram brasileiros
que o foram substituindo
em jeito fama e proveito

e Abílio foi ficando
uma sombra do que era
a mulher a engravidar
ele vai-se emborrachando

disseram-me no outro dia
que anda sempre em Lisboa
diz que vem ver o Benfica
mas qual Benfica qual treta
é só desculpa de Abílio

em vez de ir ao Benfica
é nos bares que passa o dia
e como vem lá do norte
dá para ficar de noite
regressar ao outro dia

e veja-se a ironia

se na terra brasileiros
lhe causaram desconforto
são agora brasileiros
neste caso brasileiras
quem em Lisboa cidade
lhe empresta algum conforto

domingo, julho 08, 2007

sintomas esquisitos laterias

O incómodo que sinto
agora que me concentro
consigo detectar-lhe o epicentro

é logo por baixo da garganta
que o ar em inspiração alivia
quando entra
fluindo suavemente para os ombros

mas há como que um cilindro oco
que vai do estômago ao pescoço
que nem deixa respirar

nestas alturas
o peito parece peito de ave
franzino
ângulo agudo
pouco

de onde foge a espaços
o coração grande

pergunto à minha mente
o porquê disto que sinto
um sufoco um tremendo mal estar

ela responde na linguagem habitual
que aprendeu e que conhece

diz que dormi mal
que é cansaço
que a adaptação matinal
é sempre um difícil passo

eu dou-lhe razão
porque sinto mesmo esse cansaço

mas acredito
que há sintomas esquisitos
laterais
que fogem ao controle do entendimento

vou sem ir fico sem ficar

Na vertical do meu espaço
quero perceber porque me disperso
porque quero ouvir-te só a ti
e ouço tanta gente

porque quero ver apenas o objecto
onde ponho os olhos
e o objecto esgota a vista
por se quedar tão pequeno
perdido na roda movimento
em toda a volta

tento num copo de vinho
aumentar o relevo do meu espaço
concentrá-lo
mas o efeito é o oposto
só aumento a concentração na vertigem circundante

só aumento o desconforto
de querer estar experimentar um outro sítio
estar noutra viagem
noutro lugar

então vejo-vos passar correr cavalgar
e eu ficar sentado a magicar

nem fico ali nem vou convosco
e sofro
como que quero estar noutro lugar
partir
e ao mesmo tempo
estar feliz ali
ficar

só olhando para ti
só te ouvindo a ti
só te vendo a ti

o possível e o impossível de mãos dadas
no mesmo espaço
ao mesmo tempo
a desilusão em tanta oportunidade
a ilusão também

refugio-me então na minha solidão
vou sem ir com toda a gente
e fico sem ficar
entre um prego no prato e um copo de vinho

escrevo palavras
para falar com a vida que vejo
que abraço
que quero agarrar e que passa
a um passo de mim

quarta-feira, julho 04, 2007

fogo que arde labaredas

Enquanto alongava e encolhia o coração
gesto rubro em sentimento
ajudado pela respiração que enchia
esvaziava o peito
dei por mim
apertando derretendo em suor
com os braços em volta de ti
e quanto mais apertava e te sentia
mais apetecia apertar
e apertar

que grão alimento grado
suculento
que fruto bom que mata a fome
que céu e inferno
que és ao mesmo tempo
mulher

em volta havia gente
não liguei
momentos assim acabam mal começam
nem sequer chegam a durar
e eu por experiência
sei

por isso cerrei os olhos
continuei a derreter a transpirar
quis aproveitar o instante breve
o mel dos meus sentidos

corpos atracção que se entendiam tanto
abraço incêndio em labaredas
aperto sem doer totalidade
fogo sem se ver mas que arde
arde

leva-me contigo um dia destes
quando não tiveres mais nada para fazer
eu serei gato passarinho
um cão vadio se quiseres
mas leva-me e dá-me o teu conforto
põe-me no regaço no teu ninho

cuida do fogo que arde em mim
da sede e do sufoco que são tais labaredas

põe a minha alma sossegada de vez

mestre Tó na oficina

Empregada de escritório
em oficina de carros
Anabela sabia
que os homens que atendia
em momentos de avaria
estavam frágeis
stressados

por um lado não sabiam
quanto iriam pagar
depois tinham que aguardar
o tempo que levaria
o concerto a arranjar
e o quanto custaria

nem o cigarro fumado
disfarçava a ansiedade
e Anabela adivinhava
quase com toda a precisão
o que se passava então
na cabeça do cliente

Foi num dia de Fevereiro
frio chuvoso cinzento
que Tó apareceu encharcado
em descapotável de marca

Tó bebia já o sabia
de outras visitas ao stand
mas naquele dia parecia
seriamente preocupado

vermelho roxo inchado
parecia que rebentava

Era pânico que sentia
pelos problemas que tinha
pelo tempo que fazia
pela vida que levava

Anabela percebera
que chegara a hora dela
e solícita atendera
mestre Tó que mal falava
e ela tudo fazia
para ser aos olhos dele
o colo que precisava

e recebeu-o tão bem
nesse dia de Fevereiro
que a coisa resultou


reparada a avaria
o romance começou

desculpas do ego

Sabe bem aliviar responsabilidades
dizer que não se é fulano tal
importantão
porque outro não deixou
ou porque a circunstância tal e tal
o prejudicou

que não fez e aconteceu
porque ninguém o ajudou

qualidades nunca faltam
que mais não seja para encobrir dificuldades

e cria-se uma vida só de SE’S
em que o sentido único
do tráfego mental
aponta sempre um responsável pelo mal

o ego sobrevive em falsidade

e de tal maneira se enraíza no processo vital
entre família colegas e amigos
que mais tarde quando dava jeito
reencontrar-se na verdade
conhecimento pessoal

tal seria mais violento
em aceitação pessoal
social
ter que dar a volta à mentira choradinho

do que viver o personagem virtual
do coitadinho
que não foi porque não o deixaram ser
e continuar assim até morrer

na mesa do restaurante

Estou aqui e estou ausente
tropeço no pé da mesa
em que almoço
acontece um estardalhaço
quando a mesa treme
e tomba o delgado e alto copo de cerveja

acordo no alvoroço
regresso da distância
e vejo olhos de outras mesas circundantes
fitarem-me
oblíquos frios acusatórios

olhos que acolhem em coração
um gato triste um cão abandonado
mas a mim talvez por ser humano
e não ser perfeito como eles não são
não perdoam um deslize
um simples tropeção

solícito acorre o empregado
mudando o lugar alterado
com pequenos estilhaços de vidro
mais o derrame húmido da cerveja

acabo a refeição intimidado
pior
esvaziado
entre a ausência inicial de ali
interrompida
e uma presença no momento ali
indesejada

felicidade e vocação

Liberto diariamente
(correcção de erros cometidos)
conceitos feitos
aprendidos
impingidos
nem sempre actualizados
adaptados aos meus sentidos

a ideia é nascer em cada dia
como se pudesse escolher
viver deixar viver

descubro que posso desenhar o meu espaço
o que quero fazer
dentro do que gosto

assim devia ser no tempo mais tenro
de aprender
deixar soltar a vocação
o entendimento maior da vida
mais a contento
que se tem

nunca seguir a frustração
o ter que ser
por cópia alheia
por aparentar melhor futuro
e mais seguro

não se copia a felicidade
agarra-se
e é nesse tempo tenro de aprender
que melhor se pode perceber
o que se gosta
e melhor se sabe fazer

depois seria só
fazer um esboço
desenhar
seguir os contornos dos traços
e percorrer o espaço vida mais a gosto

terça-feira, julho 03, 2007

coração e bateria descarregada

É com calor também alguma dor
que ultrapasso as carências do meu ser
e ponho amor em ti
em vós no mundo
quando tantas vezes sinto falta dele
ou é muito poucochinho

mas é grande o peito interior
a vontade de ter mais para levar
dar tudo e tanto a toda a gente

só que lá fora
a realidade é cerrada exigente
amarelada de fígado doente
frustrada
alheada

e o dar muito sabe a menos do que é
o dar pouco morre ainda antes de se dar

fica a vontade do sentir interior
de querer amar
quando sai para o exterior
para essa realidade cruel
ausente fria
carente descrente
norte sul tão diferentes

depois ou se desiste e se fica conformado
numa pseudo felicidade isolada
inventada
inútil
um amor assim metido para dentro
que não leva a nada

ou se se insiste
entre tanta vida pálida
mal amada
violentada alheada

não dá para aguentar

e o coração fica
como bateria de automóvel abandonado
ao vento à neve ao frio à geada
descarregado de vez

Publicação em destaque

Livro "Mais poemas que vos deixo"

Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...