sábado, dezembro 31, 2005

no fim da estrada

seguia pela estrada a grande velocidade
era desconforme a música que ouvia
os olhos fixavam hirtos o asfalto
era uma tempestade o que eu sentia
o rumo não era um rumo certo
a noite era rainha de mim
e transmitia aquele sabor amargo a solidão
no caminho incerto que seguia

é daquelas alturas em que apetece gritar
(mas não se grita)
soltar gemidos no vento
chorar
e a pressa que se sente
a guiar a guiar
esconde um desejo inconsciente
de nunca querer chegar

mas pela frente encontramos sempre
o mar
um muro
o fim da estrada
ou gente

ainda bem que eras tu quem estava
quando a corrida sem fim
parou
e contigo pude conversar enfim
coisas banais mas coisas boas
trocar tempo por tempo
acalmar um pouco as minhas máguas

e dares-me o que deste
foi para mim
o melhor presente
na tempestade agreste

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