terça-feira, dezembro 13, 2005

heroína fatal

curvado atrás de mim
forças pequenas
num jeito que faz lembrar um condenado
a cor é baça acastanhada
o futuro sem lonjura está numa moeda
coitado
onde encontrar razão para este quadro
de miséria
de rendição à morte antecipada
quem pede tal sacrifício
e quem por ele se salva
(alguém se salva?)
onde encontrar um argumento
que encubra tanta lama
chego a crer
que é tal o desespero
naquela cabeça já disforme
suja esfarrapada
que a vida vista dali
daqueles olhos jovens moribundos
deve traduzir-se em droga numa moeda
num fôlego supostamente renovado
para ficar vivo só por medo de morrer
o mundo que importa o mundo?
esse é lá fora para lá do muro
e não há lugar nele
perdida que foi já a carruagem
o combóio da esperança
só resta mesmo aguentar a vida a qualquer preço
seco sujo torto esfarrapado
até já não poder

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