o mito o que tem
é que alimenta a esperança
nos inspira
sabe bem
e é bonito
quando tira o véu da nebelina
e abre o pedaço de céu rasgado onde habita
de onde sai de vez em quando
em nós tudo se agita
tudo fica imaculado e lindo
desejado mesmo
e se o mito é mito porque não morreu
é por isso
que não me arrisco a "matar" ninguém
se eu o não faço
porque havia de fazê-lo Deus(?)
a vida é vida
há-de sê-lo sempre
mesmo para lá da morte aparente
o mito é o maior exemplo disso
vive o mito
vive el rei D. Sebastião
sábado, dezembro 31, 2005
Senhor da boa sorte
fui à capelinha do Senhor da boa sorte
um ermo só e abandonado
com pedras de sobra e distância pobre
onde só erva daninha cresce
onde o silêncio corta
e o silvo do vento assobia
ali o que é mais forte
é a esperança o perdão a fé
e também a confiança
que transmite a imagem silente e triste
do Jesus pregado na cruz
aceitando a morte
e naquele ermo deserto
naquele corpinho frágil de Jesus
tanta gente a pedir o abraço
a encontrar conforto em seu cansaço
apenas olhando
falando
não há razão nisto
eu sei que não
mas que é verdade que conforta
e que se sente aquele abraço
uma força forte
que o diga o coração
um ermo só e abandonado
com pedras de sobra e distância pobre
onde só erva daninha cresce
onde o silêncio corta
e o silvo do vento assobia
ali o que é mais forte
é a esperança o perdão a fé
e também a confiança
que transmite a imagem silente e triste
do Jesus pregado na cruz
aceitando a morte
e naquele ermo deserto
naquele corpinho frágil de Jesus
tanta gente a pedir o abraço
a encontrar conforto em seu cansaço
apenas olhando
falando
não há razão nisto
eu sei que não
mas que é verdade que conforta
e que se sente aquele abraço
uma força forte
que o diga o coração
menina do mar
rodeada assim de mar
grande
com seus segredos
que vêm do fundo e do longe
altos rochedos
onde encostam ondas rebentando
rodeadas de barcos e gaivotas
de areais esquecidos no tempo
entre um caminho de mar e um caminho de Lisboa
ficas tu menina de água
olhos que se abrem pela manhã
esquecidos
preguiçosos
ainda adormecidos
espreitando por entre a névoa
o sol que há-de vir
e há-de mostrar (quem sabe)
uma vida a sorrir
e o sol aparece
alegram-se as dunas
por te ver passar
alegram-se as ondas para te molhar
o velho castelo sorri
para te saudar
a Berlenga é barco para te levar
que mais queres tu
menina do mar(?)
grande
com seus segredos
que vêm do fundo e do longe
altos rochedos
onde encostam ondas rebentando
rodeadas de barcos e gaivotas
de areais esquecidos no tempo
entre um caminho de mar e um caminho de Lisboa
ficas tu menina de água
olhos que se abrem pela manhã
esquecidos
preguiçosos
ainda adormecidos
espreitando por entre a névoa
o sol que há-de vir
e há-de mostrar (quem sabe)
uma vida a sorrir
e o sol aparece
alegram-se as dunas
por te ver passar
alegram-se as ondas para te molhar
o velho castelo sorri
para te saudar
a Berlenga é barco para te levar
que mais queres tu
menina do mar(?)
no fim da estrada
seguia pela estrada a grande velocidade
era desconforme a música que ouvia
os olhos fixavam hirtos o asfalto
era uma tempestade o que eu sentia
o rumo não era um rumo certo
a noite era rainha de mim
e transmitia aquele sabor amargo a solidão
no caminho incerto que seguia
é daquelas alturas em que apetece gritar
(mas não se grita)
soltar gemidos no vento
chorar
e a pressa que se sente
a guiar a guiar
esconde um desejo inconsciente
de nunca querer chegar
mas pela frente encontramos sempre
o mar
um muro
o fim da estrada
ou gente
ainda bem que eras tu quem estava
quando a corrida sem fim
parou
e contigo pude conversar enfim
coisas banais mas coisas boas
trocar tempo por tempo
acalmar um pouco as minhas máguas
e dares-me o que deste
foi para mim
o melhor presente
na tempestade agreste
era desconforme a música que ouvia
os olhos fixavam hirtos o asfalto
era uma tempestade o que eu sentia
o rumo não era um rumo certo
a noite era rainha de mim
e transmitia aquele sabor amargo a solidão
no caminho incerto que seguia
é daquelas alturas em que apetece gritar
(mas não se grita)
soltar gemidos no vento
chorar
e a pressa que se sente
a guiar a guiar
esconde um desejo inconsciente
de nunca querer chegar
mas pela frente encontramos sempre
o mar
um muro
o fim da estrada
ou gente
ainda bem que eras tu quem estava
quando a corrida sem fim
parou
e contigo pude conversar enfim
coisas banais mas coisas boas
trocar tempo por tempo
acalmar um pouco as minhas máguas
e dares-me o que deste
foi para mim
o melhor presente
na tempestade agreste
verdes anos
adolescência tão bonita
(e tão inquieta)
tão cheia de surpresa
e de alquimia
parece que o tempo é tanto tempo
a força tanta
que a noite e dia
são linha recta na distância
bebe-se o mosto
vai-se ao bailarico
e logo pulando e dançando
se aprende o sabor da dança
também se esmorece
mas logo uma asneira
um grito
saem à maneira
assim se cresce
a namorada o amigo
a aventura o sonho
as férias a escola
e nada significa nada
o mundo está todo ali
na escola no bairro
nos amigos nos livros
na ilusão
e também num beijo
a vida é um imenso verão
(e tão inquieta)
tão cheia de surpresa
e de alquimia
parece que o tempo é tanto tempo
a força tanta
que a noite e dia
são linha recta na distância
bebe-se o mosto
vai-se ao bailarico
e logo pulando e dançando
se aprende o sabor da dança
também se esmorece
mas logo uma asneira
um grito
saem à maneira
assim se cresce
a namorada o amigo
a aventura o sonho
as férias a escola
e nada significa nada
o mundo está todo ali
na escola no bairro
nos amigos nos livros
na ilusão
e também num beijo
a vida é um imenso verão
menino de África

olhar inocente vindo ao mundo sem pedir
porquê?
criança de África com olhos para ver
o que não tem nada para ver
nem é bonito
quem te fez assim
menino negro
rodeado de espingardas de fome de medo
de doença
quem pode ser tão mau
e mata assim tua inocência?
menino é menino em toda a parte
tem que brincar e tem que rir
tem que ter pai tem que ter mãe
amigos
um jardim
e não ser assim como tu és
menino velho sem forças
nascido morto
ou morrendo vivo
mas passa o tempo e ninguém semeia
para ti
perdido na noite
esquecido de Londres Paris ou Nova Iorque
uma seara de paz uma fábrica de brinquedos
pão
coisas simples e bonitas como tu
menino de África
para te ver feliz
e enfim vencer a solidão
a ausência permanente
esse abandono
que crime que é só de ver-te assim
esses olhos grandes
de tristeza tão triste
que impotência total
que ingratidão tamanha
porquê?
criança de África com olhos para ver
o que não tem nada para ver
nem é bonito
quem te fez assim
menino negro
rodeado de espingardas de fome de medo
de doença
quem pode ser tão mau
e mata assim tua inocência?
menino é menino em toda a parte
tem que brincar e tem que rir
tem que ter pai tem que ter mãe
amigos
um jardim
e não ser assim como tu és
menino velho sem forças
nascido morto
ou morrendo vivo
mas passa o tempo e ninguém semeia
para ti
perdido na noite
esquecido de Londres Paris ou Nova Iorque
uma seara de paz uma fábrica de brinquedos
pão
coisas simples e bonitas como tu
menino de África
para te ver feliz
e enfim vencer a solidão
a ausência permanente
esse abandono
que crime que é só de ver-te assim
esses olhos grandes
de tristeza tão triste
que impotência total
que ingratidão tamanha
terça-feira, dezembro 13, 2005
cacto algarvio
trouxe um cacto comigo do teu jardim sul florido
num daqueles dias em que um pouco de dar sabe tão bem
por isso corri estrada fora
coração quente
trazia-te um pouco a ti
(queria eu crer que trazia)
e o mundo era pequeno para tanto sentimento
a árvore grande em tamanho pequenino
(o cacto)
parecia que o sabia
aninhava-se ela também feliz no assento
olhava para mim
(sorria)
finda a viagem teve honras de pousar em minha casa
em lugar onde de todo o lugar se via
e deu-se bem
porque eu via nela em cada folha em cada braço
o tempero a harmonia
o teu abraço
e que bem que eu lhe queria
um dia destes
murchou
morreu
o cacto
talvez por saber que tu casaste
(pensei eu)
e me ver triste
sentiu cansaço
e foi de amores que se perdeu
num daqueles dias em que um pouco de dar sabe tão bem
por isso corri estrada fora
coração quente
trazia-te um pouco a ti
(queria eu crer que trazia)
e o mundo era pequeno para tanto sentimento
a árvore grande em tamanho pequenino
(o cacto)
parecia que o sabia
aninhava-se ela também feliz no assento
olhava para mim
(sorria)
finda a viagem teve honras de pousar em minha casa
em lugar onde de todo o lugar se via
e deu-se bem
porque eu via nela em cada folha em cada braço
o tempero a harmonia
o teu abraço
e que bem que eu lhe queria
um dia destes
murchou
morreu
o cacto
talvez por saber que tu casaste
(pensei eu)
e me ver triste
sentiu cansaço
e foi de amores que se perdeu
heroína fatal
curvado atrás de mim
forças pequenas
num jeito que faz lembrar um condenado
a cor é baça acastanhada
o futuro sem lonjura está numa moeda
coitado
onde encontrar razão para este quadro
de miséria
de rendição à morte antecipada
quem pede tal sacrifício
e quem por ele se salva
(alguém se salva?)
onde encontrar um argumento
que encubra tanta lama
chego a crer
que é tal o desespero
naquela cabeça já disforme
suja esfarrapada
que a vida vista dali
daqueles olhos jovens moribundos
deve traduzir-se em droga numa moeda
num fôlego supostamente renovado
para ficar vivo só por medo de morrer
o mundo que importa o mundo?
esse é lá fora para lá do muro
e não há lugar nele
perdida que foi já a carruagem
o combóio da esperança
só resta mesmo aguentar a vida a qualquer preço
seco sujo torto esfarrapado
até já não poder
forças pequenas
num jeito que faz lembrar um condenado
a cor é baça acastanhada
o futuro sem lonjura está numa moeda
coitado
onde encontrar razão para este quadro
de miséria
de rendição à morte antecipada
quem pede tal sacrifício
e quem por ele se salva
(alguém se salva?)
onde encontrar um argumento
que encubra tanta lama
chego a crer
que é tal o desespero
naquela cabeça já disforme
suja esfarrapada
que a vida vista dali
daqueles olhos jovens moribundos
deve traduzir-se em droga numa moeda
num fôlego supostamente renovado
para ficar vivo só por medo de morrer
o mundo que importa o mundo?
esse é lá fora para lá do muro
e não há lugar nele
perdida que foi já a carruagem
o combóio da esperança
só resta mesmo aguentar a vida a qualquer preço
seco sujo torto esfarrapado
até já não poder
quarta-feira, dezembro 07, 2005
loucura
havia um redemoínho de vento
ela parecia tonta
cara aberta
olhos arregalados
dançava com a poeira e o vento
com gestos largos descompostos
gemia
cantarolava
as saias levantavam desgarradas
os braços agitavam-se
imploravam em direcções indefenidas
tal a cegueira da dor que a movia
o céu estava negro
em redor um ermo desolado
nada havia ali se não aquele dança
e aquele grito
quando o vento amainou
rodopiando sempre ao subir o monte
levou a mulher servindo-lhe de manto
ou de colete de forças
ou de carrasco
e naquele lugar
ficou apenas
o eco da sua voz
o jeito da sua dança
um ritual perfeito de dor
e de revolta
só Deus saberá porquê
ela parecia tonta
cara aberta
olhos arregalados
dançava com a poeira e o vento
com gestos largos descompostos
gemia
cantarolava
as saias levantavam desgarradas
os braços agitavam-se
imploravam em direcções indefenidas
tal a cegueira da dor que a movia
o céu estava negro
em redor um ermo desolado
nada havia ali se não aquele dança
e aquele grito
quando o vento amainou
rodopiando sempre ao subir o monte
levou a mulher servindo-lhe de manto
ou de colete de forças
ou de carrasco
e naquele lugar
ficou apenas
o eco da sua voz
o jeito da sua dança
um ritual perfeito de dor
e de revolta
só Deus saberá porquê
português de barrozelas
vestido de automóvel a rigor
jeep à boa maneira americana
lá vai português de barrozelas
entornado em dívidas e estilo
levando na algibeira um monte de cartões
para pagar fiado
adiantado
o que ainda não ganhou
em casa deixou mobílias
no mínimo século XV
que o banco lhe ofertou
por esperteza sua
aumentando-lhe o montante do empréstimo
da casa que comprou
leva também artigos desportivos
roupas de marca
tudo fiado
mas para quem o vê chegar
a imagem é de grande estilo
e atenção
"o senhor doutor" vais-se apear
traz a família
o cão de luxo
e tudo o que já disse
só que para espanto meu
o "senhor doutor" português de barrozelas
se esqueceu
de tirar as horríveis meias brancas
e as ceroulas de flanela
que aparecem ao fundo da imagem
pousando nos sapatinhos amarelos
jeep à boa maneira americana
lá vai português de barrozelas
entornado em dívidas e estilo
levando na algibeira um monte de cartões
para pagar fiado
adiantado
o que ainda não ganhou
em casa deixou mobílias
no mínimo século XV
que o banco lhe ofertou
por esperteza sua
aumentando-lhe o montante do empréstimo
da casa que comprou
leva também artigos desportivos
roupas de marca
tudo fiado
mas para quem o vê chegar
a imagem é de grande estilo
e atenção
"o senhor doutor" vais-se apear
traz a família
o cão de luxo
e tudo o que já disse
só que para espanto meu
o "senhor doutor" português de barrozelas
se esqueceu
de tirar as horríveis meias brancas
e as ceroulas de flanela
que aparecem ao fundo da imagem
pousando nos sapatinhos amarelos
atenção breve
basta pôr um ar de estar à venda
uma saia curta
um piscar de olho
e freguesia não falta
há sempre quem compre um grama de prazer
uma atenção breve
uma companhia fugaz
há um vazio preenchido
uma ira descarregada
um fulgor a mais que tem de encontrar
maneira de descarregar
mulher explorada
vexada
ofendida
mas quantas vezes o único refúgio
fácil
a um alívio à dor e à solidão de tantos
neste contexto
considero as prostitutas um serviço social
uma missão digna de respeito
e que apesar da perdição
a que inevitavelmente leva
não deixa de inspirar
um fatalismo trágico
só comparável ao de um mártir
ou de um monge em sacrifício permanente
não é esta prostituição que mais ofende
há maneiras super requintadas
na nossa sociedade civilizada
mediatizada
de vender o corpo e até a alma
e de levar o egoísmo e a ganância
a patamares de luxúria
que esses sim me metem nojo
uma saia curta
um piscar de olho
e freguesia não falta
há sempre quem compre um grama de prazer
uma atenção breve
uma companhia fugaz
há um vazio preenchido
uma ira descarregada
um fulgor a mais que tem de encontrar
maneira de descarregar
mulher explorada
vexada
ofendida
mas quantas vezes o único refúgio
fácil
a um alívio à dor e à solidão de tantos
neste contexto
considero as prostitutas um serviço social
uma missão digna de respeito
e que apesar da perdição
a que inevitavelmente leva
não deixa de inspirar
um fatalismo trágico
só comparável ao de um mártir
ou de um monge em sacrifício permanente
não é esta prostituição que mais ofende
há maneiras super requintadas
na nossa sociedade civilizada
mediatizada
de vender o corpo e até a alma
e de levar o egoísmo e a ganância
a patamares de luxúria
que esses sim me metem nojo
três verbos
tudo definido em três verbos
vir
estar
ir
tudo uma passagem
um instante
que dura tanto
quanto mais pesada é
ou leve
a vida que levamos
e vimos e vamos
como se de searas se tratasse
em ciclo de colheita
ou de pousio
terras semeadas
logo abandonadas
e o chão que andamos
as marcas que deixamos
são testemunhos com o valor e o sentido que têm
às vezes engrandecidos
ampliados
conforme os tempos e as causas
outras vezes
quase sempre
um ténue passar de uma fagulha
que mal deixa rasto
leve e breve
sobe
encurta a chama
sobe pouco e simplesmente apaga
vir
estar
ir
tudo uma passagem
um instante
que dura tanto
quanto mais pesada é
ou leve
a vida que levamos
e vimos e vamos
como se de searas se tratasse
em ciclo de colheita
ou de pousio
terras semeadas
logo abandonadas
e o chão que andamos
as marcas que deixamos
são testemunhos com o valor e o sentido que têm
às vezes engrandecidos
ampliados
conforme os tempos e as causas
outras vezes
quase sempre
um ténue passar de uma fagulha
que mal deixa rasto
leve e breve
sobe
encurta a chama
sobe pouco e simplesmente apaga
utopia de ti
gostava de criar um espaço utópico contigo
em que a tua vida e a minha não contassem
tu serias o sol eu o poema
tu levarias o mar à minha serra
eu seria a serra do teu mar
e as lágrimas que chorasses
ou eu
e os risos
seriam o orvalho da terra e rosmaninho
espalhados nas neblinas encantadas do oceano
nesse espaço só nosso
sul norte
nascente poente
fantasia
sem tempo nem onde
tudo podia acontecer
porque nada era verdade
em que a tua vida e a minha não contassem
tu serias o sol eu o poema
tu levarias o mar à minha serra
eu seria a serra do teu mar
e as lágrimas que chorasses
ou eu
e os risos
seriam o orvalho da terra e rosmaninho
espalhados nas neblinas encantadas do oceano
nesse espaço só nosso
sul norte
nascente poente
fantasia
sem tempo nem onde
tudo podia acontecer
porque nada era verdade
terça-feira, dezembro 06, 2005
mãe solteira
foi de repente
lá na terra
que a moçoila mais linda
mais amada
mais folgazona
mais anjo
virou diabo sacrilégio amante
puta
só porque caíu na asneira
de ser mãe solteira
por ter amado alguém e ter-se dado
gostar dela agora como se gostava dantes
quando no rancho pulava dançava e era bandeira
é arriscar meter em sua casa
ditos mexericos
estar com o pecado e a desonra à sua porta
coitada da Rosita
nem parece ela
emagreceu não sai de casa
o próprio pai
homem honrado mal lhe fala
secou-lhe o olhar e o rosto
de quem parece ter vivido e não viveu
murchou a pequena Rosa
e assim com o dedo apontado
um filho nos braços
um desdém que mata
Rosita foi crucificada
não aguentou a ideia de matar-se
nem a de viver ali
fugiu para a cidade
e lá tudo é mais fácil
é prostituta
droga-se
e ninguém liga
lá na terra
que a moçoila mais linda
mais amada
mais folgazona
mais anjo
virou diabo sacrilégio amante
puta
só porque caíu na asneira
de ser mãe solteira
por ter amado alguém e ter-se dado
gostar dela agora como se gostava dantes
quando no rancho pulava dançava e era bandeira
é arriscar meter em sua casa
ditos mexericos
estar com o pecado e a desonra à sua porta
coitada da Rosita
nem parece ela
emagreceu não sai de casa
o próprio pai
homem honrado mal lhe fala
secou-lhe o olhar e o rosto
de quem parece ter vivido e não viveu
murchou a pequena Rosa
e assim com o dedo apontado
um filho nos braços
um desdém que mata
Rosita foi crucificada
não aguentou a ideia de matar-se
nem a de viver ali
fugiu para a cidade
e lá tudo é mais fácil
é prostituta
droga-se
e ninguém liga
ciclo do guerreiro
para que a conquista saiba bem e apeteça
tem que ser difícil
que o diga o nosso primeiro rei
conquistador
afiando a espada contra a mãe
ajeitando o escudo
lutador
lavado em sangue em suor
em pesadelo
zás trás catrapás
não deixava no lugar a mais perfeita das cabeças
e lá seguia com os outros
dando e levando
levando e dando
era assim a vida de conquistaa
dura difícil
depois sim
resolvida a contenda
na penumbra recatada do castelo
que bem que saberia ao nosso rei
cantar glória rodeado de ninfetas
embebido em fantasias
no ócio bom de quem só quem dá no duro
tem
era ver nas ameias altaneiras
os risinhos fraldiqueiros
e os êxtases quentinhos
a fazerem correr D. Afonso
descomposto e ofegante
pelos cantinhos
e o prazer que a coisa dava
tinha índices tamanhos
e tais desmandos
que logo o tédio chegava
e um tal cansaço nos guerreiros
de enjoos vómitos
caganeira
deixava adivinhar nova peleja
e o ciclo recomeçava
a partida dos heróis
o choro das ninfetas
o regresso dos heróis
e a recompensa
tem que ser difícil
que o diga o nosso primeiro rei
conquistador
afiando a espada contra a mãe
ajeitando o escudo
lutador
lavado em sangue em suor
em pesadelo
zás trás catrapás
não deixava no lugar a mais perfeita das cabeças
e lá seguia com os outros
dando e levando
levando e dando
era assim a vida de conquistaa
dura difícil
depois sim
resolvida a contenda
na penumbra recatada do castelo
que bem que saberia ao nosso rei
cantar glória rodeado de ninfetas
embebido em fantasias
no ócio bom de quem só quem dá no duro
tem
era ver nas ameias altaneiras
os risinhos fraldiqueiros
e os êxtases quentinhos
a fazerem correr D. Afonso
descomposto e ofegante
pelos cantinhos
e o prazer que a coisa dava
tinha índices tamanhos
e tais desmandos
que logo o tédio chegava
e um tal cansaço nos guerreiros
de enjoos vómitos
caganeira
deixava adivinhar nova peleja
e o ciclo recomeçava
a partida dos heróis
o choro das ninfetas
o regresso dos heróis
e a recompensa
sábado, dezembro 03, 2005
guardar o essencial
não vou procurar mais por opção
antes reduzir caminhos
guardar o essencial
talvez alivie assim o coração
e torne a vida mais sensata
há escolhas a fazer e vou fazê-las
a dispersão cansa
e não há tantas mãos assim
para agarrar tudo
vou ter que deitar coisas fora
começarei por ti
que foste estrada
sonho
um lugar movido pelo desejo
que encheste de fantasia um tempo
um espaço
uma loucura
(até me convenci de que eras possível)
começarei por ti
porque és um caso difícil
sempre adiado
e ocupas muito espaço com muito vazio
mesmo assim
não poderei dispensar-te depressa
virar simplesmente a página
não
vou fazer como um fumador que conheço fez
deixou de fumar reduzindo a dose
lentamente
até que fumou o último cigarro
e teve o cuidado
mesmo já vencido o vício
de trazer sempre cigarros consigo
com medo que lhe fizessem falta
assim eu farei contigo
antes reduzir caminhos
guardar o essencial
talvez alivie assim o coração
e torne a vida mais sensata
há escolhas a fazer e vou fazê-las
a dispersão cansa
e não há tantas mãos assim
para agarrar tudo
vou ter que deitar coisas fora
começarei por ti
que foste estrada
sonho
um lugar movido pelo desejo
que encheste de fantasia um tempo
um espaço
uma loucura
(até me convenci de que eras possível)
começarei por ti
porque és um caso difícil
sempre adiado
e ocupas muito espaço com muito vazio
mesmo assim
não poderei dispensar-te depressa
virar simplesmente a página
não
vou fazer como um fumador que conheço fez
deixou de fumar reduzindo a dose
lentamente
até que fumou o último cigarro
e teve o cuidado
mesmo já vencido o vício
de trazer sempre cigarros consigo
com medo que lhe fizessem falta
assim eu farei contigo
ter ter e ter
a quantidade não leva a lado nenhum
o exagero
o carro à frente dos bois
o ter e ter e ter
o mais e mais e sempre mais
o cansaço que vem depois
a loucura que é deixar de ver
sem tempo nem jeito para sentir
é como estar sempre a fazer a prova oral
o exame difícil
levar inquietação ao lugar da paz
confusão ao recanto mais simples
sem reparar
que à distância de um braço
pode haver uma flor
e regá-la para não morrer
pode ser
o mais lindo acto de amor
o exagero
o carro à frente dos bois
o ter e ter e ter
o mais e mais e sempre mais
o cansaço que vem depois
a loucura que é deixar de ver
sem tempo nem jeito para sentir
é como estar sempre a fazer a prova oral
o exame difícil
levar inquietação ao lugar da paz
confusão ao recanto mais simples
sem reparar
que à distância de um braço
pode haver uma flor
e regá-la para não morrer
pode ser
o mais lindo acto de amor
rádio e televisão 2002
concurso do melhor orgasmo
com viagem prometida aos vencedores
filmes pornográficos com dados e estatísticas
pontos altos de masturbação
a filha mais puta do ano
rádio e televisão 2002
o antídoto ao Cristo triste
que morreu na cruz para nos salvaar
mas que se lixe
não se mantêm atentas audiências
com missas pregadores
sonhos de santos implorando aos céus
ou revendo as cenas dramáticas do Calvário
já nem um bom romance tem adeptos
ou uma conversa amena em que se aprende
um dia destes deito a alma fora
porque não serve mais ter alma
nem decência
a grande moda agora é a decadência
e viver com ela
e morrer com ela
com viagem prometida aos vencedores
filmes pornográficos com dados e estatísticas
pontos altos de masturbação
a filha mais puta do ano
rádio e televisão 2002
o antídoto ao Cristo triste
que morreu na cruz para nos salvaar
mas que se lixe
não se mantêm atentas audiências
com missas pregadores
sonhos de santos implorando aos céus
ou revendo as cenas dramáticas do Calvário
já nem um bom romance tem adeptos
ou uma conversa amena em que se aprende
um dia destes deito a alma fora
porque não serve mais ter alma
nem decência
a grande moda agora é a decadência
e viver com ela
e morrer com ela
o quintal de minha mãe
com os sons diários da metralha
o contar de espingardas
o gigante da fome
a violência vendida em troco de audiência
não fazem mais sentido
os dias bonitos das ilhas do Pacífico
os lugares mansos e sagrados
os ribeiros virgens vertendo melodia
o branco puro e angelical dos picos das montanhas
morreram dez?
morreram mil?
a quem importa?
que a morte chegue por má sorte
que a morte chegue quando é chegada a hora
que se dane
mas nascer e encontrar logo à sua porta
um lamaçal
uma espingarda
um nojo de vida
um quintal em que as flores são corpos matados
do pai do irmão do amigo
o que nos faz ser assim gente
tão brutos cruéis e assassinos?
será que não há no coração do mundo
amor que baste para virar as coisas do avesso?
não há ninguém que diga o que se faça?
a partir de hoje
quando me disserem
que o senhor A
o senhor B
são pessoas de grande inteligência
e se tudo continuar na mesma
só posso soltar uma gargalhada com a inteligência deles
e olhá-los com convicto desprezo
cada vez mais
apetece recordar o quintal de minha mãe
onde as flores eram lindas
porque punha nelas muito amor
e as abelhas apareciam atraídas pelo cheiro
e pela cor
e davam mel
se a minha mãe pudesse
semearia pelo mundo os seus quintais
o contar de espingardas
o gigante da fome
a violência vendida em troco de audiência
não fazem mais sentido
os dias bonitos das ilhas do Pacífico
os lugares mansos e sagrados
os ribeiros virgens vertendo melodia
o branco puro e angelical dos picos das montanhas
morreram dez?
morreram mil?
a quem importa?
que a morte chegue por má sorte
que a morte chegue quando é chegada a hora
que se dane
mas nascer e encontrar logo à sua porta
um lamaçal
uma espingarda
um nojo de vida
um quintal em que as flores são corpos matados
do pai do irmão do amigo
o que nos faz ser assim gente
tão brutos cruéis e assassinos?
será que não há no coração do mundo
amor que baste para virar as coisas do avesso?
não há ninguém que diga o que se faça?
a partir de hoje
quando me disserem
que o senhor A
o senhor B
são pessoas de grande inteligência
e se tudo continuar na mesma
só posso soltar uma gargalhada com a inteligência deles
e olhá-los com convicto desprezo
cada vez mais
apetece recordar o quintal de minha mãe
onde as flores eram lindas
porque punha nelas muito amor
e as abelhas apareciam atraídas pelo cheiro
e pela cor
e davam mel
se a minha mãe pudesse
semearia pelo mundo os seus quintais
sexta-feira, dezembro 02, 2005
a ti Filipa
tens uma palavra quente e meiga
um nome que me faz tremer
uma auréola de enigma
de morrer
apetece sei lá seguir teus passos
ver o que tu vês
amar a quem tu amas
sentir por ti
o coração em chamas
caminhar sempre
subir descer andar
seguir ao pé de ti
como quem sente
que nada cansa nem o cansaço do próprio caminhar
e no fim da caminhada
que aconteça longa
(para os meus sentidos branda)
cair em teus braços abraçado
e fazer contigo
em silêncio sossegado
TUDO
e ao mesmo tempo nada
um nome que me faz tremer
uma auréola de enigma
de morrer
apetece sei lá seguir teus passos
ver o que tu vês
amar a quem tu amas
sentir por ti
o coração em chamas
caminhar sempre
subir descer andar
seguir ao pé de ti
como quem sente
que nada cansa nem o cansaço do próprio caminhar
e no fim da caminhada
que aconteça longa
(para os meus sentidos branda)
cair em teus braços abraçado
e fazer contigo
em silêncio sossegado
TUDO
e ao mesmo tempo nada
a uma querida amiga
sonhei um dia que na estrada antiga
que levava ao Luso e a Viseu
apareceria
uma via larga e apareceu
sonhei um dia ver naquele caminho
encanto maior do que o que tinha
(o palácio do Buçaco era de reis
Coimbra de doutores
a praia da Figueira de água fria)
eu passava simplesmente
gostava do que via
(gostaria?)
e nas curvas/contra curvas
apenas o silêncio e a nebelina
de um futuro por vir
sentia
mas tempo é só tempo
é isso e nada mais
e agora sinto que valeu a pena
sonhar Coimbra sonhar Viseu
encontrar o encanto
nos olhos teus
e no dia que nasce
na palavra que ecoa
na Beira (que é nossa)
a esperança renasce por ti
aqui em Lisboa
que levava ao Luso e a Viseu
apareceria
uma via larga e apareceu
sonhei um dia ver naquele caminho
encanto maior do que o que tinha
(o palácio do Buçaco era de reis
Coimbra de doutores
a praia da Figueira de água fria)
eu passava simplesmente
gostava do que via
(gostaria?)
e nas curvas/contra curvas
apenas o silêncio e a nebelina
de um futuro por vir
sentia
mas tempo é só tempo
é isso e nada mais
e agora sinto que valeu a pena
sonhar Coimbra sonhar Viseu
encontrar o encanto
nos olhos teus
e no dia que nasce
na palavra que ecoa
na Beira (que é nossa)
a esperança renasce por ti
aqui em Lisboa
teclando
gente gente
tudo ali no ecrã do PC
"pa mim pa ti"
ali escondida vi
lolita_lady
menina mulher
mulher menina
menina a crescer
a vida a sorrir
a pressa de ser
imaginei lolita
a mirar-se ao espelho
fresca
ladina
rapariga que cresce
a ver-se e a achar-se
e também a desejar mostrar-se
mas ainda escondida
(timidez dos sixteen?)
vai tentando
ensaiando
ousando
negando
e também fugindo
mas um dia
estou certo
lolita_lady aparece
tudo ali no ecrã do PC
"pa mim pa ti"
ali escondida vi
lolita_lady
menina mulher
mulher menina
menina a crescer
a vida a sorrir
a pressa de ser
imaginei lolita
a mirar-se ao espelho
fresca
ladina
rapariga que cresce
a ver-se e a achar-se
e também a desejar mostrar-se
mas ainda escondida
(timidez dos sixteen?)
vai tentando
ensaiando
ousando
negando
e também fugindo
mas um dia
estou certo
lolita_lady aparece
nick "joana slogy"
apareceste no pequeno ecrã
florindo como árvore gigantemente linda
pétalas brancas amarelas cor de rosa
caíam choviam do irreal
eras tu vestida de palavras
breves palavras do teu tempo
que em Coimbra afinal
é o mesmo tempo
que me deste a mim (pequena atenção)
instante/vida
uniu-me a ti a palavra e a flor
que a árvore cresça sempre e floresça
e a palavra escrita
seja o botão a abrir em vida
a saudade a dor e também o amor
dos que passamos sem rosto
e somos passageiros deste tempo
florindo como árvore gigantemente linda
pétalas brancas amarelas cor de rosa
caíam choviam do irreal
eras tu vestida de palavras
breves palavras do teu tempo
que em Coimbra afinal
é o mesmo tempo
que me deste a mim (pequena atenção)
instante/vida
uniu-me a ti a palavra e a flor
que a árvore cresça sempre e floresça
e a palavra escrita
seja o botão a abrir em vida
a saudade a dor e também o amor
dos que passamos sem rosto
e somos passageiros deste tempo
queima das fitas
a noite é linda
os jardins estão decorados
com montanhas de amor
a beira-rio está sempre fabulosa
ontem mesmo
a lua fazia reflexo no rio mondego
era o perfeito momento de paz
harmonia
e saudade
os jardins estão decorados
com montanhas de amor
a beira-rio está sempre fabulosa
ontem mesmo
a lua fazia reflexo no rio mondego
era o perfeito momento de paz
harmonia
e saudade
península de Peniche

quando a névoa levanta
e começam a raiar fios de sol
Peniche aparece com o seu mar
em península larga
de encantar
as gaivotas ecoam pelos ares
sons de barcos de rochedos
onde a água vem deitar
ondas carregadas de segredos
os pescadores navegam levam sonhos
alegria e mágua misturadas
para trás bem longe
vão deixando
a costa altaneira
pedregosa
locais de infância
a vida inteira
a cidade amuralhada
o cais
a nau dos corvos
a Berlenga que os saúda
quando passam
e ficam também a perder de vista
as praias de encantar
as dunas
com turistas sequiosos de encontrar
ali um porto
ali um sol
ali um mar
e começam a raiar fios de sol
Peniche aparece com o seu mar
em península larga
de encantar
as gaivotas ecoam pelos ares
sons de barcos de rochedos
onde a água vem deitar
ondas carregadas de segredos
os pescadores navegam levam sonhos
alegria e mágua misturadas
para trás bem longe
vão deixando
a costa altaneira
pedregosa
locais de infância
a vida inteira
a cidade amuralhada
o cais
a nau dos corvos
a Berlenga que os saúda
quando passam
e ficam também a perder de vista
as praias de encantar
as dunas
com turistas sequiosos de encontrar
ali um porto
ali um sol
ali um mar
vizinho amante
foi num ápice que desapareceu
vizinho amante
homem atraente
da minha escada da minha rua
homem sem nome
acelera inveterado
bonzão
que impressionava
só de o sentir perto
só de lhe sentir o cheiro
e sabia-se que em outra morada
tivera mulher
outra mulher
amante
supostamente bela
quem me dera ter o que ele tinha
desde o fato à gravata aos sapatos
a mulher a filha da mulher
e a outra
e os prazeres supostos dele
e de repente
outra mulher?
deixei de o ver
nem cheiro nem o lugar do cheiro
as flores usadas ficaram como duas rosas regadas
logo murchas
como a quem falta o alimento
e também o tratamento de luxo
a fachada
que o bonzão naquela maneira de ser assim
lhes dava
tratar-se-ia de um semeador de sonhos
ou de um simples jardineiro
que não sabe cuidar do seu jardim?
vizinho amante
homem atraente
da minha escada da minha rua
homem sem nome
acelera inveterado
bonzão
que impressionava
só de o sentir perto
só de lhe sentir o cheiro
e sabia-se que em outra morada
tivera mulher
outra mulher
amante
supostamente bela
quem me dera ter o que ele tinha
desde o fato à gravata aos sapatos
a mulher a filha da mulher
e a outra
e os prazeres supostos dele
e de repente
outra mulher?
deixei de o ver
nem cheiro nem o lugar do cheiro
as flores usadas ficaram como duas rosas regadas
logo murchas
como a quem falta o alimento
e também o tratamento de luxo
a fachada
que o bonzão naquela maneira de ser assim
lhes dava
tratar-se-ia de um semeador de sonhos
ou de um simples jardineiro
que não sabe cuidar do seu jardim?
a minha mulher
faz tempo já serra de Sintra meu amor
piquenique de um ontem em que te conheci
um olhar distantemente perto
entre o casario e o trem
que trazem Sintra ao Rossio
e que te trouxeram a mim e a ti
ali começou tudo
entre Sintra e o Rossio
ali te achei companheira por achar
e comecei a seguir o teu andar
Belém Lisboa a outra margem
olhos de Lisboa os teus
num rio que te viu nascer
as marchas populares
os bairros as gaivotas
com o Tejo sempre perto
cacilheiros encontrados
um porto um abrigo
um pai um amigo e tu sempre tu
coração grande e aberto
talvez por isso meu amor tu foste cais
e pousei em ti
meiga bela e boa
MULHER
abençoada Lisboa/mulher
que me deu tanto
e quem recebe tanto tem que ser grato
sou pouco o que te dou
pequeno
Sintra Rossio
Belém a outra margem
mulher estou aqui
piquenique de um ontem em que te conheci
um olhar distantemente perto
entre o casario e o trem
que trazem Sintra ao Rossio
e que te trouxeram a mim e a ti
ali começou tudo
entre Sintra e o Rossio
ali te achei companheira por achar
e comecei a seguir o teu andar
Belém Lisboa a outra margem
olhos de Lisboa os teus
num rio que te viu nascer
as marchas populares
os bairros as gaivotas
com o Tejo sempre perto
cacilheiros encontrados
um porto um abrigo
um pai um amigo e tu sempre tu
coração grande e aberto
talvez por isso meu amor tu foste cais
e pousei em ti
meiga bela e boa
MULHER
abençoada Lisboa/mulher
que me deu tanto
e quem recebe tanto tem que ser grato
sou pouco o que te dou
pequeno
Sintra Rossio
Belém a outra margem
mulher estou aqui
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