Finalmente houve fumo branco para os lados de Belém.
Para quem não sabe e é falante de português, Belém é a zona de Lisboa onde, entre muitas outras coisas, se situa o Palácio de Belém que é a sede da Presidência da República Portuguesa.
Neste momento e em fase terminal esse Palácio é ocupado por Cavaco Silva.
Digo em fase terminal porque cada chefe de Estado eleito só pode exercer os poderes presidenciais durante dois mandatos. Dado Cavaco Silva se encontrar em finais do segundo mandato, terá de deixar o palácio de Belém dentro em breve.
Para que tal aconteça, estão já marcadas eleições para finais de Janeiro próximo, que darão lugar ao "senhor que se segue" ou à "senhora que se segue".
Sim, que desta feita, há que salientar o facto, estão na corrida a Belém pelo menos duas candidatas, o que pode, caso uma de entre elas vença as eleições, dar lugar ao primeiro "Presidente da República Portuguesa"do sexo feminino.
Portanto, para além do fumo branco que Cavaco finalmente se dignou largar ao decidir-se pela aceitação do novo primeiro ministro, António Costa, existe a animação das eleições presidenciais que se avizinham.
Novo governo por um lado, renovação presidencial e parlamentar por outro, conferem a Portugal uma novidade e esperança políticas nunca antes vividas desta maneira após o 25 de Abril de 1974.
Quem havia de dizer?
Parecia tudo rolar sobre rodas para os que detinham o poder e, de repente, zás.
Surge assim para eles como que uma potente trovoada, relâmpagos e nuvens grossas carregadas de electricidade poderosa surgindo de todos os lados.
Quando tudo parecia votado ao ostracismo, a um caminho morno e insípido de "caminho único" sob a batuta de uma direita submissa, empobrecedora, nada inspirada nem inspiradora, eis que muita coisa acaba por acontecer.
Muita coisa acaba por acontecer e por isso mesmo se espera que muita coisa mude.
A esperança renasce enfim, após um tempo de sonambulismo político, de infelicidade nacional, de ausência de progresso, de soluções para Portugal.
Um tempo que a mim próprio, apesar de não me considerar um céptico assumido, me parecia por vezes ter vindo para ficar.
Mas não.
Os portugueses estão aí de novo, cheios de vontade.
Apesar de tanta asneirada feita, poderá ainda ser possível salvar muita coisa. Recuperar com empenho e querer da estagnação e do servilismo que vinham minando este nobre povo, esta nação valente que não pode soçobrar por dá cá aquela palha.
Fiquem bem,
António Esperança Pereira
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