sexta-feira, janeiro 07, 2011

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS 2011: POUPEM...POUPEM!


Tempo de sacudir a água do capote. Culpado? Quem eu? diz o inteligente, tudo gente séria quando chega a hora de assumir responsabilidades.
A verdade é que o dia a dia surpreende-nos com tantas e tamanhas contradições, do tipo "maior número de vendas de automóveis jamais registado", "maior número de compras via Internet jamais registado" a par de outras do tipo, "buraco no BPN ascende a N milhões que nós é que temos de pagar", "dois submarinos para fazer guerra não sabemos a quem"... Na Madeira a culpa é de Lisboa. No Porto a culpa é de Lisboa. Em Pinhel a culpa é de Lisboa. Em Lisboa a culpa é dos mercados.
Entretanto desfazem-se os MAIS RICOS em acções de CARIDADE a fazer lembrar os tempos da OUTRA SENHORA (Salazarismo) está na moda ajudar o pobrezinho para "inglês ver" parece bem, faz bem aos problemas da consciência. Não resolve decerto seus problemas de fundo.
O pobre não precisa de caridade, precisa é de trabalho, de orientação, de esperança.
Veja-se: basta querer aumentar-se o salário mínimo aos mais desfavorecidos os mesmos caridosos senhores são os primeiros a berrar: ÁKI D'EL REI que é isto? basta falar em ESTADO SOCIAL, os mesmos senhores que dão sopa, sapatos, cuecas, que passam a luva pela cabecinha do pobre em tempo de eleições... são os primeiros a berrar: ÁKI D'EL REI que é isto?
Bom fica o desabafo de uma crise mal explicada e pouco controlada pelos tais doutos economistas e financistas da treta.

Deixo muito a propósito o poema:

POUPEM POUPEM...

Crise três em pipa de assustar
poupem poupem
dizem os banqueiros descaradamente
os mais ricos
os bem pagos
que tão galhardamente
nos fizeram acreditar
na multiplicação dos pães
melhor
na multiplicação aritmética
geométrica
dos bens

sentia-se que os malabaristas
“incompetentes” economistas
tinham curtas vistas

nasciam produtos mais produtos
vender vender vender
faziam crer
que o último grito da moda
a novidade
era sempre possível de se ter

e o Zé pagode bom levado
crente
comprava pagava
endividava-se
dir-se-ia que coleccionava
o que a sociedade farta
lhe impingia

juntou-se o roto ao nu
com tal ciência
uns sem dinheiro para comprar
outros com produtos por vender

e a economia está o que se vê

puseram números estatísticas
no lugar das pessoas
agora nem há números
nem pessoas

há umbigos confundidos
que eles criaram
há desespero e medo
que geraram

mas também há
quem não se assuste com tão pouco
os que não tremem
por a queda se a houver
ser mais pequena

os que se habituaram a ver fartura
nos pomares nas hortas
nas searas
nas azedas nas amoras
nas refeições caseiras

na pródiga terra mãe
abandonada

pois se foi mentira
tanto dinheiro de plástico
e se o que estiver a haver
for um acerto
pois que o haja
mesmo que seja drástico

quem fez a cama que se deite nela
e que o tombo
a havê-lo
contemple à risca
os que pregaram
a farsa liberal capitalista.

Em "PORTUGAL PERIFÉRICO OU...O CENTRO DO MUNDO?" de António Esperança Pereira, Editora Bubok
http://lusito.bubok.pt

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