
Eu posso ficar a criticar, a olhar, a maldizer, claro que posso. Eu posso levar toda uma vida a queixar-me dos outros, a julga-los a condena-los, a dizer que o senhor A merece mais que o senhor B, que eu não estou ali naquele suposto tacho porque não tenho padrinhos, porque merecimento não me falta. Posso até apregoar com o ar mais convencido a quem me quiser ouvir que sou o maior, dizer que a culpa da minha falta de êxito são os outros. Sempre os outros...
Alivia talvez o insucesso pessoal esta conduta, esta catarse, enganamos alguns que nos ouvem, que nos querem bem, estou em crer que sim. Todavia o mais enganado desta história, é quem assim procede.
Cria inimigos onde os não há. Vê só impossibilidades onde seguramente há muitas possibilidades.
Deixa o próprio de fazer o que pode ser feito no tempo perdido a responsabilizar o outro. Em vez de se encontrar a si mesmo, perde-se em devaneios, queixas estéreis, sendo do outro apenas um crítico avulso.
A questão é sempre a valorização pessoal. Centrar-mo-nos em nós e na valorização pessoal. A soma destas valorizações pessoais darão seguramente um TODO bem mais harmonioso, desenvolvido, culto, preparado.
Deixo um poema...
que se saúde a fartura, que se aprenda a lidar com ela. Que se beba da fonte inesgotável da VIDA.
A vida gosta que se goste dela!
FARTURA CAUSA PERTURBAÇÃO
Na escolha na solução
há muita coisa nova
vinda a toda a velocidade
de todos os lados
expectativas para os egos
que quase já não dormem
por baralhados
o presente do produto
mais recente
a ficar logo passado
até parece olhando assim
que fartura é desgraça
praga
um tremendo risco
desta época modernaça
acompanhar isto
a esta alta velocidade
fica impossível
e a desistência para muitos
é imperativa necessidade
nunca foi humano tudo ter
tudo saber tudo acompanhar
mas em vez de nos perturbar
tanta abundância…
gostemos dela
sempre houve muitos caminhos
muitas encruzilhadas
e se hoje há mais…
pergunto
será mau ter mais caminhos
direcções
opções aos milhares aos milhões
para os sentidos?
Em, António Esperança Pereira, "PORTUGAL PERIFÉRICO OU...O CENTRO DO MUNDO?" Bubok Editora
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