segunda-feira, janeiro 17, 2011

Carlos Castro Vitor Alves e o mediatismo



Bem escrito sim senhor. Gostei de ler o artigo a que hoje dou relevo em meu blogue, que se segue a esta introdução.
Nada tenho contra os gays, nem é essa a questão, tenho sim (e tenho-o escrito) contra esta informação despudorada ao serviço do mediatismo e do sensasionalismo. Prejudica gregos e troianos. O país perde energia com isto. As sociedades democráticas abandalham-se com isto.
O que está a dar infelizmente é a desgraça alheia, nós papalvos vamos consumindo e alimentando uma tal orientação dantesca.
Eu tento consumir o menos possível. Faço a minha parte nesse registo.
Acredito que se os consumidores diminuírem, diminui a atracção dos midia pelas desgraças e mediatismos mórbidos.
Sem desprezar a sensibilidade e valia do Carlos Castro, é por demais notório que pouca gente deu pelo desaparecimento do capitão de Abril e grande personalidade: VITOR ALVES
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Deixo o artigo para reflexão; vale a pena ler.
Mais abaixo, um poema escrito por mim sobre esta problemática da intoxicação dos midia; também vale a pena ler.
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Por António de Sousa Duarte

12 de Janeiro de 2011

As mortes de Vítor Alves, capitão de Abril, e do cronista cor-de-rosa Carlos Castro mostram algumas evidências sobre o país



Separadas por escassas horas, as mortes do coronel Vítor Alves, "capitão de Abril", e do cronista "cor-de-rosa" Carlos Castro tiveram o condão de fazer notar uma vez mais algumas evidências sobre Portugal e os portugueses que nunca será de mais destacar. Na verdade, mesmo admitindo as macabras circunstâncias em que Castro foi assassinado e os requintes de malvadez de que foi aparentemente vítima, não parece normal que tal facto tenha merecido tão esmagadoramente maior espaço mediático do que o desaparecimento de um dos principais símbolos da Revolução do 25 de Abril de 1974 e destacado operacional da construção do processo democrático.

Vítor Alves faleceu Domingo, cerca de 36 horas depois da morte, em Nova Iorque, de um colunista social conhecido por se dedicar há décadas a analisar os factos da actualidade "cor-de-rosa" nacional. Considerado em muitas das biografias espontâneas que dele nos últimos dias chegaram ao nosso conhecimento como "um cidadão de primeira", Vítor Alves foi um homem probo, sério, rigoroso, sensível que contribuiu de forma decisiva - antes e depois do dia 25 de Abril de 74 - para o actual regime democrático em Portugal. Vítor Alves, que integrou, com Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho, a comissão coordenadora e executiva do MFA (Movimento das Forças Armadas), foi o autor do primeiro comunicado dirigido à população no dia 25 de Abril e o militar que foi o porta-voz do Movimento. Mas as exéquias mediáticas de Vítor Alves foram curtas, muito curtas, se levarmos em conta a importância do seu legado e o impacte informativo que outros factos da actualidade suscitaram e de que é exemplo, sublinho, a vaga noticiosa relativa à morte de Carlos Castro.

O País trocou "um cidadão de primeira" por uma "história de segunda", mas o desiderato é positivo: chancela-se a morte do militar, político, ministro e conselheiro da Revolução em rodapés a correr e baixos de página e atribuem-se honras de Estado... mediático ao assassinato do cronista (não cronista social como alguns lhe chamam, como se Carlos Castro e Fernão Lopes fossem páginas do mesmo livro...) e às incidências macrotrágicas em que foi encontrado o seu corpo após alegada tortura, castração e assassinato. Mas a responsabilidade de todo este "estado a que - de novo e citando Salgueiro Maia - chegámos" não é do povo. Porque não é o povo que edita jornais, blocos noticiosos, telejornais ou sites. Nem é o povo o responsável por Marcelo Rebelo de Sousa ter dedicado ontem, no Jornal da TVI, mais tempo de antena à morte de Carlos Castro do que ao desaparecimento de Vítor Alves.



EU NÃO COMPREENDO E FICO FRACO

Porque não tenho sono acendo o televisor
é noticiado um caso de corrupção
celebridade muita pouca a honestidade
a justiça parece que sim parece que não
eu não compreendo e fico fraco

a seguir vem um imbróglio do caraças
também gente conhecida
crianças violadas pedofilia
ameaças
a justiça parece que sim parece que não
eu não compreendo e fico fraco

depois é um bombista suicida no Iraque
mortos choro confusão por todo o lado
bons e maus a matar até fartar
a justiça parece que sim parece que não
eu não compreendo e fico fraco

desisto mais adiante num assassinato detalhado
candidato que já foi presidente assassinado
perigo nuclear naquele lugar
ruas confusas um arrepio de ambiente
a justiça parece que sim parece que não
eu não compreendo e fico fraco

o sono não vem e eu não me sinto nada bem

vou então à farmácia de serviço mais à mão
e se para alguma coisa as notícias da televisão
vieram a calhar
foi para me avisar
que o meu estado fraco enfraquecera ainda mais
e que para aliviar o mal estar
teria de comprar medicamentos
para me aguentar

porque senhoras e senhores
meninas e meninos
se insónia é mau
insónia com noticiário é dose cavalar.

Em "CRÍTICOS AVULSO" de António Esperança Pereira, Bubok Editora
http://lusito.bubok.pt

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