segunda-feira, março 16, 2009

descontentamento crónico


Que onda gigantesca de protesto
pés descalços gente sem cheta?

Não!

feudos de pensamento ameaçados
vítimas deste tempo aberto
tecnológico democrático
metidos em casas de cidades
isoladas estanques
olhando a ameaça que é
o vizinho empertigado
as novas soluções achadas
não entendidas pelos de antanho

esse passa agora em gargalhada
quando no tempo antigo
triste pobre enclausurado
só uns quantos poucos riam

ainda bem que muitos mais são mais
que o “luxo” de estar bem
se estendeu
a gente ex-simples e modesta

estes não são os descontentes
os que protestam
os outros sim
os que não querem entender tanta mudança
agarrados a antigos preconceitos
memórias idas
maneiras de viver apodrecidas

dá para pensar
naqueles que estão a trabalhar
dando duro o dia inteiro
sonhando com uma vida melhorada
pulso a pulso conquistada
porque não lhes caiu do céu
um qualquer mestrado ou fortuna herdada

são esses que vão na manifestação?

olho-os bem de perto vejo que não
as roupas o estilo a abastança
o acerto o riso e o gozo do protesto
vê-se que é gente de bom porte
dinheiro e tempo de sobra
para chatear quem trabalha e quem avança

os que realmente na vida caem em infortúnio
uma doença grave
um problema sério
um acaso que desgasta
não estão lá

sofrem em silêncio e ninguém liga
muito menos os que só se queixam
porque cuidam
que só eles têm barriga!

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